Quando ele parou em frente a um bar, eu simplesmente paguei e saí do táxi, entrando naquele recinto, me perguntando o que eu estava fazendo ali. Sentei em uma mesa e logo o garçom trouxe o cardápio. Já que estava ali, iria beber alguma coisa. Escolhi qualquer bebida e logo chamei minha amiga Tanara no whats. O problema é que ela não estava online, e por outro lado, o Luan lotava meu celular de mensagens.
Resolvi desligar o celular ou então acabaria respondendo, e com um palavrão daqueles. Minha bebida não demorou a chegar, e eu bebi ela quase toda de uma vez, só maneirei porque não podia ficar bêbada num lugar que eu não conhecia tanto, ainda mais estando sozinha. Todavia minha cabeça fervilhava, e meu coração apertava no peito. Eu amava muito o Luan, era louca por ele e todo mundo percebia isso, mas eu não gostava do Luan que ele se tornava quando estava com ciúmes. Ele se transformava, virava uma pessoa que eu jamais me apaixonaria e isso me deixava mal, não me achava capaz de lidar com essa sua dualidade. Me tornava apaixonada por um Luan e odiava o outro.
Misteriosamente comecei a sentir uma tontura muito forte, cheguei a fechar os olhos e me arrependi na hora de ter bebido aquilo que estava na minha mesa, e olha que nem tinha sido tanto. Mantive meus olhos fechados até a tontura passar. Quando consegui abrir os olhos, ainda sentia uma enjoo e uma fraqueza muito forte, afastei o copo e pedi uma água, pra ver se me ajudava. Tudo culpa daquele idiota.
Luan Rafael
E o que eu mais temia aconteceu, meu ciúmes colocou tudo a perder, e agora eu estava ali, louco, tentando ligar pra Mariele, mas o celular dela sequer chamava. Minha vontade era ir atrás dela, mas eu não fazia ideia de onde ela podia estar e então fiquei ali, tentando falar com ela. Mandava centenas de mensagem em seu whats app, e algumas ela chegou a visualizar, mas me ignorou, e não disse nada. O tempo foi passando e eu fui ficando mais preocupado, estava muito tarde e nada dela voltar.
Desesperado liguei pro Rober, pedi pra ele falar com a Tanara, com ela, Mariele falaria com certeza. Por sorte Tanara estava com ele, e no mesmo instante tentou falar com a amiga, mas assim como eu tentava, Tanara também não conseguiu.
-Ela tinha mandado mensagem pra Tatá, dizendo que precisava dos conselhos dela. - Rober me falou.
-Pelo amor de Deus, Rober. Me ajuda cara. O que eu faço?
-Vai atrás dela.
-Mas eu não sei aonde ela pode estar, eu não sei o que fazer.
-Para de fazer burrada Luan, só isso.
-Eu sei, eu sei que exagerei, mas e agora? Já tá tarde cara. E se ela tiver perdida? E se o celular dela descarregou?
-Eu não sei como posso te ajudar daqui Luan? Desce aí na recepção, vê se eles sabem de alguma coisa.
-Vou fazer isso - disse desligando meu celular e calçando meu tênis pra tentar descobrir alguma coisa.
Desci até a recepção e antes mesmo de chegar ao balcão vi ela entrando no hotel, abraçando os próprios braços, toda encolhida devido ao frio.
-Ai graças a Deus - eu disse indo em sua direção, que fechou a cara e passou direto por mim.- Espera, Mari - a chamei segurando seu braço e ela me encarou ainda raivosa.
-Por favor, não toca em mim - foi tudo que ela disse, apertando o botão do elevador. Eu fiz o que ela pediu, e ainda fiquei calado.
-Olha, só me escuta - disse quando entramos no quarto.
-Não quero escutar nada, eu quero só dormir - disse tirando a roupa na minha frente mesmo, colocando seu pijama em seguida. Engoli em seco ao ver seu corpo perfeito, poderíamos estar aproveitando de outro jeito, igual na noite passada. Eu poderia me perder naquelas curvas, mas por bobagem minha, agora via a mulher da minha vida me ignorar, e me tratar como se eu fosse um nada.
-Eu só preciso te pedir desculpa..
-Agora não, tudo que você disser não vai valer, eu estou chateada e com a cabeça quente. Vamos só dormir - disse deitando na cama e se cobrindo inteira.
Então eu não disse nada, só apaguei a luz e me deitei do lado dela, ficando mais aliviado de vê-la ali, apesar de ter o coração apertado, e estar louco de vontade de abraçá-la.
No dia seguinte acordei com meu amigo me ligando. Meu corpo estava moído, e eu parecia nem ter dormido. Peguei o telefone e atendi mesmo assim.
-Boi levanta, você e a Mari precisam tomar café, a gente tem que ir pro aeroporto ou então perdemos nosso voo pro Arizona. - disse e eu bati na testa, me lembrando que tínhamos comprado passagens pra ir pra Arizona, para conhecer Grand Canyon.
-Beleza - disse desligando o celular e me preparando pra acordar a fera. Como eu queria que tudo que tinha acontecido fosse um pesadelo, e que acordássemos em paz novamente. - Mariele - a sacudi devagar - A gente precisa se arrumar, ou então vamos perder o voo.
-Eu quero voltar pro Brasil - ela disse e eu engoli em seco.
-Não faz isso, por favor. Não é pra tanto.
-É que não foi você que teve que ouvir e passar pelo que eu passei - disse levantando, indo em direção ao banheiro.
-Escuta Mari - segurei seu braço e ela me encarou, com os olhos avermelhados, de quem já queria chorar - Me desculpa, de verdade. Eu sei que estou errado. Você não precisa me desculpar agora, só por favor, vamos com a gente? Não volta pro Brasil. Eu queria tanto aproveitar aqui com você..
-A culpa é sua, Luan - ela disse com a voz rouca.
-Eu sei, e assumo. Mas fica, por favor - pedi outra vez e ela assentiu, puxando seu braço e entrando no banheiro. Respirei aliviado.
O clima não melhorou da água pro vinho, mas pelo menos ela ainda estava ali, comigo. A gente mal se falava, e os meus amigos perceberam que o clima não era dos mais agradáveis. Durante nosso desjejum e durante o voo foi desse jeito, a gente sentava perto, mas nem sequer olhávamos um pro outro. Viramos dois meros desconhecidos, e apesar de eu estar com uma vontade enorme de falar com ela, me segurava, com medo de outra vez colocar tudo a perder.
De Las Vegas para Arizona eram 33 minutos de voo, então logo chegamos lá. O hotel que ficamos era tão encantador quanto o outro, mas só fomos lá deixar nossas malas e depois fomos conhecer o Grand Canyon, o lugar que eu fiz mais questão de conhecer.
O primeiro lugar que fomos foi no Grand Canyon Skywalk, que fica no condado de Mohave, Arizona. Trata-se de uma plataforma em "U", com piso transparente, que debruça-se sobre o precipício, numa queda vertical de centenas de metros. Uma vista incrível. Depois passamos pelo South Rim, aonde é possível ter vistas fascinantes a partir de Desert View, Hermits Rest e do Grand Canyon Village. Mais o mais surreal pra mim foi ver neve ali. Todo feliz, eu quis tocar, e me surpreendi ao ver que era duro. Todo mundo riu de mim, até Mariele, apesar de ainda não estar falando comigo.
-Preciso tirar uma foto aqui - disse pegando meu celular - Tira aqui, Marcola - pedi e ele começou a me zoar. Só percebi isso quando a Mariele começou a rir - Tá me zoando né veado? Precisa tirar mais não, também. - disse irritado enquanto eles riam da minha cara.
-Não boi, eu tiro, tava só filmando, mas vou tirar de verdade. Vai, faz pose - disse sério e eu fiz a pose de novo.
-Valeu - agradeci pegando meu celular pra ver a foto, que tinha até ficado bonita. Postei.
luansantana
luansantana Ela é mais linda do que eu pensava... @mariandrade
-Esse Luan sabe das coisas - Marquinhos riu batendo em minhas costas quando postei a foto e eu pisquei, já imaginando a reação da Mariele quando visse aquilo.
A fome apertou e paramos em um lugarzinho pra comer. Só a parte da frente já era bonitinha e Mariele parece que concordou, já que ficou gravando snap dali, um pouco afastada da gente.
-Tão mal né? - Douglas perguntou e eu assenti - Cê pegou pesado cara.
-Eu sei, já me desculpei, mas ela é osso duro - disse suspirando - Tira uma foto minha aqui - disse passando meu celular pra ele. Nessa hora Mari caminhou em nossa direção, tampou o rosto com a mão, e acabou se metendo na minha foto, que ela só descobriu que era foto quando viu o flash.
-Tirou foto? - perguntou rindo e foi na direção do meu amigo.
-Ficou massa, Mari, deixa o Luan postar - mostrou a foto pra ela, que tentou pegar o celular pra apagar, mas meu amigo não deixou - Toma boi - jogou o celular pra mim e só então eu vi a foto, tinha ficado legal mesmo.
-Vou postar agora - disse rindo e pra cima de mim ela não veio, só deu de ombros.
luansantana
luansantana Ela é um poço de qualidade e defeito e cada jeito dela é uma emoção. Toda mulher causa um efeito, que esconde que seu rosto perfeito é só um convite pro que ela tem no coração...
Entramos pra comer e eu outra vez sentei do lado de Mariele, ela já não estava mais tão séria, até ria com meus amigos, mas continuava me ignorando. Vi quando ela entrou no seu instagram pra ver a minha marcação e riu de lado, aquilo me deixou com uma pontinha de esperança de que ela não me odiava tanto quanto pensava.
Mais tarde voltamos pro hotel, exaustos do nosso dia. Mariele ainda brincava de me ignorar, mas já trocávamos algumas poucas palavras, como quando ela me disse que ia tomar banho primeiro. Enquanto isso fiquei no meu celular, conversando com minha filha, que perguntou quando eu voltaria, dizendo estar morrendo de saudade. Eu me derretia ao vê-la tão fofa assim. Eram momentos raros, muito raros. Estava distraído conversando com Luana quando ouvi um barulho alto de dentro do banheiro. Levantei na hora e fui ver o que era.
-Mariele? Tá tudo bem?- perguntei e ela não respondeu - Mariele? Abre aqui, fala comigo - comecei a me desesperar e sem pensar duas vezes tentei abrir a porta, não estava trancado, e a visão que eu vi não era nada agradável. Minha mulher estava caída, acho que desmaiada.
Desnorteado e muito preocupado, peguei ela no colo e levei pro quarto, a chamando na tentativa frustante de ela me responder. Meu Deus, o que eu faço, preciso levar ela pro hospital agora, pensava aflito procurando uma roupa na mala dela, pra vesti-la. Graças a Deus ela acordou assim que terminei de secar seu corpo, e meio perdida, me perguntou o que tinha acontecido.
-Eu que te pergunto.. você desmaiou. O que foi? Tá sentindo algo?
-Não sei, estou confusa, só sei que me deu uma tontura muito forte - reclamou ainda fraca e eu continuei fazendo o que fazia antes dela acordar.
-Papai? - ouvi Luana me chamando e só então lembrei que ela ainda estava ali, e agora junto dela, tinha meu pai, minha mãe e minha irmã.
-A Mari desmaiou, eu vou levar ela no hospital, depois falo com vocês - disse rápido e desliguei a chamada de vídeo, voltando a vestir Mariele.
-Não precisa me levar pro hospital, vai passar, foi igual ontem.
-Não, a gente vai no hospital sim, agora mesmo. - disse nervoso, ainda mais preocupado por saber que ela tinha passado mal na rua, sozinha. Aquilo só me fez sentir pior do que antes. Ela tinha razão, era tudo culpa minha.-Me desculpa meu amor, não queria te causar isso - falei aflito quando fechava seu vestido atrás, um pouco trêmulo.
-Não é culpa sua...
-É sim, tudo minha culpa - dizia nervoso, agora procurando um sapato.
Eu estava tão desesperado que só ajudei Mariele a calçar sua sandália, peguei um casaco, minha carteira,meu celular, a chave do carro que tínhamos alugado mais cedo e saí do quarto ajudando ela a andar.
-Eu tô melhorando Luan, não precisa mesmo disso - ela disse quando eu abri a porta pra ela, mas eu ignorei.
Antes de ligar o carro liguei meu GPS, e vi que o hospital mais perto, era a 10 minutos dali, só que eu cheguei em menos que isso, devido a minha preocupação. Fiz a ficha dela e logo a chamaram. A enfermeira pediu que eu aguardasse ali fora. Mesmo tenso, fiquei sentado ali, esperando uma resposta.
Minutos depois, ouvi barulho de ambulância, e me assustei. De onde eu estava, dava pra ver a porta de emergência, e com isso, vi quando os paramédicos entraram com uma mulher toda ensanguentada na maca. Eles gritavam em inglês, mas entendi quando ele disse que a mulher estava em trabalho de parto, e que estava tendo uma hemorragia. Meu coração apertou na mesma hora e eu voltei naquele dia, a 7 anos atrás, quando Ana Julia estava prestes a ter Luana.
FlashBack
Tudo era feito de maneira muito rápida, enquanto eu estava ao lado dela, segurando sua mão. Ela apertava com muita força, mas eu não ligava, já que estava ajudando. Estava meio perdido, sem saber em que direção olhar, e aflito ao ver ela fazendo tanto força, soando e até derramando lágrimas involuntárias devido a força que fazia. Eu sabia que ela sentia muita dor, e aquilo me deixava mais aflito ainda, não queria que ela sofresse tanto. Por outro lado, não conseguia falar nada, continuava calado, só segurando a mão dela.
Então Luana nasceu, e eu só percebi isso quando ouvi o chorinho dela ecoar pela sala. Olhei nos olhos de Ana, que agora chorava emocionada, igual a mim, que olhei pra minha filha sorrindo de orelha a orelha.
-Você ouviu? - eu perguntei - O chorinho dela é tão gostoso.
-Ela é linda - Ana respondeu baixinho - Você será um ótimo pai - disse segurando minha mão de maneira mais fraca e me olhou sorrindo - Eu te amo muito! - foi a última coisa que ela disse, antes do monitor começar a apitar e avisar que seus batimentos cardíacos estavam diminuindo.
-O QUE ACONTECEU? - comecei a gritar desesperado, quando os enfermeiros tentavam me tirar da sala - ALGUÉM ME FALA PELO AMOR DE DEUS? O QUE ACONTECEU COM ELA? - continuei perguntando desesperado, me debatendo contra os enfermeiros que me seguravam.
- Por favor, saia!- a enfermeira pedia e eu neguei chorando, ainda me debatendo.
-EU NÃO VOU DEIXAR ELA AQUI. EU NÃO VOU SAIR! ALGUÉM ME FALA O QUE TÁ ACONTECENDO.. ELA TÁ MORRENDO? NÃO DEIXA ELA MORRER, POR FAVOR, NÃO DEIXA ELA MORRER - Continuei gritando e eles conseguiram me tirar dali, contra minha vontade.
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Lembrar daquilo tudo foi como se eu estivesse naquela sala de parto de novo, vendo Ana morrer na minha frente. Senti meu coração despedaçar outra vez, e fui ficando tonto ao lembrar das palavras do médico minutos depois... "Sinto muito, ela não resistiu". Aquilo ficou se repetindo em minha mente, e senti minha garganta travar.
-Senhor? Está tudo bem? - uma enfermeira me perguntou e eu a encarei perdido, suando frio. - Quer um copo d'água?
-Não, tá tudo bem - disse passando a mão na testa, segurando o choro e senti uma dor gigante no peito.
-O médico quer falar com você, vamos? - ela me chamou e eu a segui, ainda me sentindo fraco, tonto.
Entrei no consultório dele e Mariele me olhou sorrindo. Seus olhos brilhavam e ela parecia estar ótima.
-Fiquei sabendo que são brasileiros, eu também sou - o médico falou em português e eu sorri sem graça pra ele, apertando sua mão.- Muito prazer.
-Prazer é meu - disse ainda fora de órbita, ouvindo a mesma repetição em minha cabeça "Sinto muito, ela não resistiu"... "Sinto muito, ela não resistiu"
-Temos boas notícias - ele disse sorrindo e eu encarei Mariele, que também sorria - Sua esposa teve uma queda de pressão mas não é nada grave. Ela está grávida!
(Maratona 3/3)
Minha nossa senhora, como será a reação do Luan ao receber essa notícia, depois de ter tido lembranças tão fortes? Algum palpite.. Bom.. Aguenta coração. E aqui se encerra nossa maratona, espero não demorar pra postar o resto, mas acho que vocês aguentam esperar um pouquinho. Quero chuva de comentários.. Beijoos.
-Senhor? Está tudo bem? - uma enfermeira me perguntou e eu a encarei perdido, suando frio. - Quer um copo d'água?
-Não, tá tudo bem - disse passando a mão na testa, segurando o choro e senti uma dor gigante no peito.
-O médico quer falar com você, vamos? - ela me chamou e eu a segui, ainda me sentindo fraco, tonto.
Entrei no consultório dele e Mariele me olhou sorrindo. Seus olhos brilhavam e ela parecia estar ótima.
-Fiquei sabendo que são brasileiros, eu também sou - o médico falou em português e eu sorri sem graça pra ele, apertando sua mão.- Muito prazer.
-Prazer é meu - disse ainda fora de órbita, ouvindo a mesma repetição em minha cabeça "Sinto muito, ela não resistiu"... "Sinto muito, ela não resistiu"
-Temos boas notícias - ele disse sorrindo e eu encarei Mariele, que também sorria - Sua esposa teve uma queda de pressão mas não é nada grave. Ela está grávida!
(Maratona 3/3)
"Não tenhas medo do passado. Se as pessoas te disserem que ele é irrevogável, não acredites nelas. O passado, o presente e o futuro não são mais do que um momento na perspectiva de Deus, a perspectiva na qual deveríamos tentar viver. O tempo e o espaço, a sucessão e a extensão, são meras condições acidentais do pensamento. A imaginação pode transcendê-las, e mais, numa esfera livre de existências ideais. Também as coisas são na sua essência aquilo em que decidimos torná-las. Uma coisa é segundo o modo como olhamos para ela."
Notas da Autora:Minha nossa senhora, como será a reação do Luan ao receber essa notícia, depois de ter tido lembranças tão fortes? Algum palpite.. Bom.. Aguenta coração. E aqui se encerra nossa maratona, espero não demorar pra postar o resto, mas acho que vocês aguentam esperar um pouquinho. Quero chuva de comentários.. Beijoos.
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