Mariele Andrade
Durante todo tempo no churrasco, eu tentei me distrair, e de fato isso estava acontecendo, mas o meu corpo não estava de bem comigo aquele dia, e mesmo eu tendo tomado remédio mais cedo, continuava sentindo dores. No começo estava suave, eu conseguia suportar, mas aquilo começou a afetar meu humor e acabei tratando Luan um pouco mal, cheguei a me arrepender quando ele se afastou. Talvez como forma de castigo, a dor piorou e eu não conseguia mais ficar ali.
Fui falar com o Luan, não queria sair assim sem dar satisfação, não queria que ele se sentisse mal por ter chamado os amigos pra lá - algo que eu sei que ele sempre gostou - por minha causa. Felizmente tenho um marido compreensivo, que além disso ainda ficou do meu lado até eu pegar no sono. E por falar em sono, meu cansaço e minha dor eram tantas que acabei dormindo a noite inteira, e só acordei no dia seguinte, com Luan me acordando outra vez.
-Você precisa comer alguma coisa, amor. - disse com carinho enquanto passava os dedos em meu rosto suavemente.
-Daqui a pouco eu desço - disse ainda um pouco sonolenta.
-Eu trouxe um lanchinho pra você - sorriu pra mim enquanto me encarava e eu sorri de canto, me sentando na cama. Já não sentia mais tanta cólica, graças a Deus. Luan também levantou e foi pegar a bandeja que tinha colocado na estante, que de longe pude ver estar cheio de coisas gostosas.
-Quem te ajudou? - perguntei rindo, pegando um biscoito que tinha ali.
-Ninguém amor, como se eu não conseguisse fazer isso aqui né?! - disse pseudo indignado e eu ergui uma sobrancelha o encarando - Tá bom, foi a Grazi.. - confessou.
-Tu pediu pra babá da sua filha fazer isso, Luan?
-A Ma pediu folga hoje - disse na maior cara de pau e eu ri.
-Eu não acredito - continuei rindo dele.
-Foi por uma boa causa, minha nenenzinha tá dodói - disse dengoso colocando meu cabelo atrás da orelha e eu sorri pra ele outra vez, comendo tudo que tinha ali, estava morrendo de fome.
Depois de alimentada, queria dormir mais um pouco, mas me forcei a levantar, afinal, precisava urgentemente de um banho. Luan desceu com a bandeja e eu fui direto pro banheiro. Quando fui urinar, percebi que minha calcinha estava um pouco suja de sangue, nada muito forte, mas que indicou que minha menstruação tinha enfim descido. Vendo aquilo, me lembrei da minha conversa com Luan antes de ter dormido. Sabia do medo que ele tinha em relação a parto, e não podia cupá-lo por isso, porém, achava legal a ideia de engravidar, e a cada dia, tinha mais vontade. Luan teria que aprender a superar isso, mas no momento certo.
Tomei um banho demorado e quente. Lavei meus longos cabelos e ainda fiquei ali dançando e cantando as músicas que tinha colocado no meu celular. Quando desliguei o chuveiro, me enxuguei de qualquer jeito e vesti meu roupão, meu celular toda hora apitava alguma notificação, então curiosa, eu fui ver quem falava comigo.
Bom, já tinha planos para aquele dia, já que Luan ia pro estúdio do Dudu Borges e eu sabia que ele se empolgava por lá e demorava a chegar. Pra não ficar sozinha e a toa, chamei minha amiga, queria relembrar os velhos tempos de bagunça que a gente fazia, comer bobagem, rir e falar sobre a nossa vida. O legal da nossa amizade é que a gente se entendia num olhar, e se repararem, ela é a única amiga que eu tenho. Considerava Bruna uma amiga também, mas era bem diferente da Tanara. A Tanara era quase uma irmã, uma parceira para vida toda.
Saí do banheiro e vesti uma roupa fresca, simples, a primeira que eu vi. Penteei meus cabelos e deixei eles secarem naturalmente, depois disso estendi a toalha no banheiro e desci. Luan estava sentado, jogando vídeo-game. Sentei do lado dele e beijei seu rosto.
-Vamos almoçar fora? - ele sugeriu e eu fiz careta, não estava muito a fim de sair de casa.
-Você não tem que ir pro VIP?
-Eu vou, só que mais tarde.
-Quero sair não, amor. E a Tatá tá vindo pra cá.
-Já vi que vou sobrar - fez careta e eu ri.
-Vai mesmo, tô com saudade da minha amiga.
-Como se não tivessem se visto ontem.
-E tu não viu o Dudu ontem né? Pra tá falando de mim.
-É diferente, vou trabalhar.
-Atá Luan, e eu não sei que vocês bagunçam a beça naquele lugar.
-Só um pouquinho - ele riu jogando o controle pro lado e me abraçou.- Melhorou?
-Sim, graças a Deus.
-Então eu vou tomar um banho e ir logo pro VIP, deixar as madames sozinhas - disse me dando um selinho, que logo virou um beijo, que quase esquentou demais. Eu cortei o barato e ele entendeu, nem se eu quisesse daria pra acontecer algo..
Assim que Luan saiu de casa Tatá chegou, na verdade eles ainda se encontraram no portão. Eu já tinha começado a fazer o bolo, que até estava no forno. Cumprimentei minha amiga com um abraço forte e a gordinha logo sentiu o cheiro do meu bolo de cenoura, o nosso preferido.
-Nossa, já sinto minha boca aguando - ela disse indo em direção a cozinha e eu fui rindo atrás dela.
Com toda intimidade que tínhamos, ela já foi logo procurando os ingredientes para fazer a cobertura, já que a dela sempre saía mais gostosa que a minha. Eu brincava falando que ela era bruxa, já que eu fazia igualzinho ela, mas não ficava com o mesmo sabor, não tinha jeito.
-Então a cólica te pegou de jeito ontem, amiga?
-Nossa, foi horrível. No começo tava doendo pouco, depois parecia realmente que tinha um filhote de dinossauro comendo meu útero por dentro.
-Sempre exagerada - ela revirou os olhos.
-É porque tu nunca sentiu cólica forte sua ridícula - brinquei com ela que riu. De nós duas, eu era a que mais me ferrava quando se tratava de dores. Ela sempre foi mais forte que eu, e menos dramática também.
-E tu dormiu aquela hora e acordou só hoje?
-Foi - confessei rindo. - Ando num sono exagerado que só Deus.
-Marido ryco né? - brincou de novo e rimos.
Nosso bolo logo ficou pronto e nós comemos quente mesmo, sem ligar pra dor de barriga que aquilo poderia nos causar. Antes de ir pra sala, com nossos pratinhos, tiramos uma foto no snap dela, que disse que ia postar pra mostrar pras meninas que a gente não estava brigada, já que milhares de fãs lotavam nossas redes sociais de mensagens perguntando o que tinha acontecido que não andávamos mais juntas. O meu motivo era simples: casamento.. Andava mais grudada em Luan que tudo, além disso, Tanara tinha a vida dela, trabalhava, e a gente não tinha tanto tempo como antes.
-Nunquinha! - disse sorrindo.
-A gente tá aqui comendo bolo de cenoura com cobertura, porque somos dessas - ela continuou gravando snap.
-Por isso que eu só engordo - falei rindo com a boca cheia.
-Cadê sua enteada? - ela perguntou guardando o celular.
-Deve tá chegando da escola.
-Vocês já se dão bem?
-Ah, a gente se engole - brinquei rindo - Brincadeira, o clima é mais agradável, só que ela é implicante demais, faz um monte de coisa só pra me irritar, mas eu amo aquela pirralha - confessei boba e minha amiga riu de mim
-Tenho certeza que ela gosta de você também, só não quer dar o braço a torcer.
-Hum, isso é verdade, e isso ela puxou do Luan - comentei e rimos.
Por falar em Luana, ela logo chegou da escola e só então eu lembrei que a empregada tinha pedido folga, logo, não tinha almoço pronto. Sua babá até se prontificou a fazer algo pra ela comer mas eu não deixei, disse que levaria Luana pra comer em um restaurante.
-Não, eu quero comer bolo de cenoura com chocolate igual vocês - ela disse esperta, vendo o nosso pratinho sujo em cima da mesa de centro da sala.
-Depois você come, quando você chegar.
-Mas eu não quero almoço - fez bico.
-Mas tem que almoçar..
-Eu lanchei na escola, tô cheia.. Quero só o bolo - pediu com carinha de pidona e eu não resisti.
-Seu pai vai me matar se saber que eu não te dei comida e sim besteira.
-Ele não precisa saber - ela sorriu esperta e conseguiu me convencer.
O resto do dia foi uma bagunça, fomos pra piscina com a Luana e ficamos jogando bola com ela dentro da água. O tempo passava tão rápido que nem percebíamos, só fui me dar conta que estava quase anoitecendo quando a pequena reclamou de fome.
-Vou fazer uma janta pra gente - propus.
-Quero mais um pedaço de bolo - ela pediu.
-Não, você precisa comer comida, serei uma enteada responsável agora - disse séria saindo da piscina, enquanto ela e Tatá riam de mim.
Fiz uma janta simples e rápida, modéstia a parte, muito gostosa também. Luana gostou e até repetiu. Depois disso Tanara decidiu ir embora, e mesmo com Luana e eu implorando pra ela ficar mais, ela se foi, deixando a gente sozinha, assistindo desenho na sala.
Minutos depois meu marido chegou, com um monte de sacolas na mão. Sua filha logo correu pra ver o que o pai trazia, e mesmo estando cheia, pegou um pacote de M&M e começou a comer, sem nem me oferecer.
-Trouxe uma lasanha pra gente jantar.
-Eu fiz comida.
-Você? - perguntou incrédulo e eu fiz careta.
-Eu sei fazer comida, sabia?
-Saber eu sabia, mas nunca vi você fazendo nada - brincou e eu ri, segurando seu rosto pra lhe dar um selinho. - Hum mô, tenho novidade - disse sentando do meu lado, jogando todas as sacolas em cima da mesa de centro.
-Fala.
-Vamos viajar semana que vem. - ele disse baixo, pra Luana não escutar, provavelmente porque ela teria aula.
-Sério? - perguntei animada - Qual destino?
-Las Vegas - piscou um olho e riu, fazendo gesto de silêncio com a mão, enquanto eu abri um sorriso na hora, batendo palmas empolgada. Amava Las Vegas com toda minha alma e não consegui conter minha empolgação, mesmo sem nem saber o porquê daquela viagem tão em cima da hora.
(Maratona 1/3)
Notas da Autora:
Olha eu por aqui hahahah Bom, vim só falar uma coisa, a Mari tem um iPhone 6 Plus, super chique, caríssimo, mas eu não tenho!! Então vamos fingir que essa conversa dela com a Tatá é print de um iPhone ok? Usar a imaginação amores kkkk Até daqui a pouco. O dia é nosso, cheio de babados!
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