Quando Luan entrou no quarto eu já estava tão nervosa que desabei a falar coisas sem parar. A raiva subia de uma jeito que eu nem sei explicar, na verdade eu nem sei porque estava com tanta raiva. Talvez fosse ciúmes...
-Você é um idiota, Luan! IDIOTA! Eu tô com ódio de você, com vontade de te matar. Por que fica fazendo isso? Por que fica me olhando daquele jeito? Trouxe aquela otária pra que? Pra enfeitar. Vai se fuder. Aquela sem sal, carinha de nojenta. Você não presta, é um viado. Gayzão, babaca. - falava tudo sem pensar enquanto ele me olhava de um jeito estranho. - Acha que eu sou árvore de natal pra ficar me olhando? E o que você está fazendo aqui? EU ODEIO VOCÊ - parei para respirar e foi nessa hora que ele me beijou. ELE ME BEIJOU. Que ódio, eu nunca conseguiria resistir.
Mas desejo é uma coisa difícil de controlar, desejo é feito pra saciar, não é assim que falam? Que a felicidade é fazer o que você quer? Porque a vida é curta? Foi o que eu fiz. Me deixei levar pelo que eu mais queria, e em nenhum momento eu me arrependi. Me entreguei de corpo e alma, e ele fez tudo valer a pena. Pode parecer loucura, mas o amor com ele era mais gostoso, dava vontade de repetir de novo, e de novo... Além do mais, o fato de podermos ser pegos fazia tudo ficar ainda mais excitante.
No fim das contas, acabamos rindo da nossa loucura, mas quando recobramos a consciência, começamos a nos vestir, e Luan foi muito gentil em me ajudar. Quando ele terminava de abotoar minha calça, a porta se abriu, e nos afastamos na mesma hora. Era a mãe do Rober, que arregalou os olhos ao nos ver sozinhos, no quarto do filho.
- A gente tava só.. é.. a gente tava - Luan tentou se explicar coçando a cabeça, sem ao menos encarar a senhora à frente.
-Não aconteceu nada demais - eu falei um pouco mais calma, apesar de estar morrendo de vergonha - A gente só estava conversando, mas já estamos indo - virei pra me levantar e então Luan me ajudou, ainda nervoso com o flagra.- Só por favor.. não comenta com ninguém - pedi e ela me encarou calada, assentindo. Mil e uma coisas ruins ao meu respeito deviam estar passando na cabeça dela. Mas também, quem gostaria de saber que a cama do filho foi usada para sacanagem, que nem tinha sido feito pelo dono? Minha nossa, eu estava me sentindo uma louca.- Acho melhor você ir na frente - eu falei quando chegamos na sala e ele me encarou, com um olhar um pouco triste.
-Tudo bem - disse sorrindo de lado, sem dizer ou perguntar nada.
Esperei uns 3 minutos ali sozinha, e durante esse pouco tempo me senti uma pessoa suja, porém continuava sem me arrepender. Como dizem, há males que vem para bem, e aquele fez eu perceber que o meu casamento já era, e não adiantava em me condoer com o Douglas. Independente de eu ficar com o Luan ou não - até porque agora existe a Paola no meio de tudo - eu iria me separar de verdade do Douglas. Aquilo já tinha ido até longe demais.
Levantei e voltei pro lado de fora, a maioria dos convidados já pareciam alterados, e o olhar de Luan continuava sobre mim, só que agora eu estava menos brava, e cheguei a sorrir em sua direção...
-Sumiu ein - Tanara parou do meu lado e só então eu olhei pra ela.
-Pois é.
-Me conta logo o que aconteceu.. você e Luan sumindo ao mesmo tempo, até o Douglas percebeu, chegou a ir te procurar mas voltou dizendo que não tinha te visto em canto nenhum. Aonde estavam?
-No quarto do seu namorado - gargalhei e ela arregalou os olhos.
-Não você não fez isso - falou desacreditada enquanto eu assenti ainda rindo - Transou no quarto do meu namorado, sua vagabunda? - perguntou e eu fiz sinal com a mão pra ela falar baixo - Eu não acredito nisso Mariele - cruzou ou braços me encarando.
-Ai amiga, não deu pra controlar. - confessei limpando a água que caiu do meu olho, de tanto ri.
-Você não vale nada, cara - ela falou me repreendendo. - Tu não tá casada?
-Por enquanto - dei de ombros.
-Que é? Ele pediu pra você largar o Douglas? Mas ele não tá com a Paola?
-Ele não pediu nada amiga, mas eu vou largar. Eu já nem sinto a mesma coisa pelo Douglas, vai ser melhor.
-Eu entendo.
-Agora deixa eu ir ali comer, porque fiquei com fome.
-Imagino - disse com malícia o que me fez rir de novo.
Peguei alguns salgadinhos e me sentei na mesa com minha amiga, que depois de me chamar de vagabunda de novo, quis saber como tinha sido, o que não deu para eu contar, já que o Douglas apareceu.
-Até que enfim te achei - falou depois de se sentar do meu lado. - Onde você estava?
-Por aí - dei de ombros e por sorte ele não perguntou mais nada.
Fiquei o resto da festa sentada e não troquei uma palavra com o Douglas, só balançava o corpo de acordo com a música e cantava aquelas conhecidas,volta e meia olhando pro Luan, que conversava entretido com Paola, sorrindo pra ela sem parar, o que me deixava meio mal. Depois do "Parabéns", falei que queria ir embora, e Douglas disse que se dependesse dele,nós nem tínhamos ido.
Me despedi da minha amiga e disse que depois a gente conversava melhor. Antes de sair ainda olhei pro Luan, e dessa vez ele me olhava. Na maior cara de pau ele piscou pra mim, e eu não consegui esconder o sorriso. Nunca fui a favor de traição, mas eu não sei, eu nem estava considerando aquilo uma traição, aliás, pra mim, a única traição ali era minha comigo mesma, que estava descaradamente traindo meu coração.
Dentro do carro, depois de colocar o cinto, Douglas virou pra mim e disse:
-Precisamos conversar.
-Precisamos mesmo - falei me encostando no banco do carro, só que dessa vez, eu falaria primeiro.
Assim que chegamos em casa, ainda sobre um clima pesado, me sentei no sofá e o chamei.
-Agora não, Mariele.
-Vamos adiar pra quê? - disse de uma vez, eu estava bastante decidida, era melhor fazer antes que pudesse mudar de ideia. - Você sabe, Douglas... não adianta levar isso adiante.
-Só quero saber se você estava com o Luan.. - me encarou e eu abaixei a cabeça, não tinha coragem de assumir. - Não precisa nem falar nada, deixa que dessa vez eu mesmo preparo o divórcio - se levantou nervoso e eu até pensei em o chamar. Mas eu ia falar o que? Ele tinha direito de ficar com raiva.
Não sabia o que fazer, a minha única certeza era que eu não queria ficar ali, não me sentiria bem. Sem saber para onde ir, peguei o celular e chamei um táxi. Não levaria nada, mas agora precisava me ver longe daquele lugar, que me trazia uma agonia ruim. O táxi felizmente não demorou e quando o motorista perguntou pra onde eu ia eu não soube responder.
-Vamos dar uma volta, me leva pra qualquer lugar - disse meio perdida e não fui questionada.
Depois de rodar por alguns minutos, o taxista perguntou se eu queria que ele me deixasse em algum lugar. Olhei pro lado, tentando ver aonde eu estava. Coincidentemente era perto da casa do Luan, não estava tão tarde, ele devia estar acompanhado, mas instintivamente eu pedi que me deixasse no condomínio dele.
Paguei o taxista, desci do carro e ainda encarei a porta por um minuto. Não dava pra ficar ali, então bati na porta, mesmo insegura. Não obtive resposta, então bati novamente. Demorou mais um tempo e nada.. Achei melhor dar meia volta, e quando virei, pronta pra chamar outro táxi, pensando no que eu ia fazer, ouvi um barulho na porta. Me virei e encarei Luan me olhando, meio sem entender nada.
-Eu não sabia pra onde ir - falei já sentindo a garganta fechar, conhecia aquela sensação, estava querendo chorar. Sou chorona demais. - Me desculpa qualquer coisa, principalmente a minha covardia de não ter me aberto pra você.. Eu estou apaixonada - confessei nervosa - Eu sempre estive... e agora é você quem tem que escolher - as lágrimas já começaram a cair - Independente de qualquer coisa o meu casamento acabou e eu vou me divorciar.
-Mari.. eu...
-Escuta Luan.. você tem que me dar essa chance, eu tive escolha e fiz errado. Pensa nisso. Mas pensa com carinho e por favor, me escolhe, me ama, me faz feliz. - implorei limpando as lágrimas quando ele me olhou de um jeito que chegou a me assustar. Meu Deus, será que eu levaria um fora agora?
"O amor nos faz sentir medo, se sentir confusa, com angústia e até dor. Mas também nos faz sentir protegida, amada, em outro mundo, com confiança. Mas nem sempre optamos por aquilo que o coração chama, que o corpo deseja. Mesmo distante me faz pensar nele, me faz querer amá-lo. O medo é maior, mas não quer dizer que meu amor não seja verdadeiro."
"Pior que o amor é desse jeito mesmo. Doido, confuso, maluco. Que faz a gente sentir raiva amando, sentir mágoa amando. Que faz a indecisão existir, até um certo ponto. Mas indecisão demais complica, faz perder o rumo e principalmente machuca. Machuca muito."
"Não procure alguém que te complete. Você já é um copo cheio. Procure alguém que com uma gota
( de amor) irá te fazer transbordar. "
Notas da autora:
Oii gente, sei que o capítulo não está dos maiores mas é melhor do que ficar sem não é? Quero saber o que acharam dessa reviravolta toda? Abram o coração! haha Tenho um comunicado, pra quem me acompanha sabe que sempre acampo no Carnaval, então eu vou sábado e só volto quarta, logo não tenho como postar. Curtam o carnaval de vocês que logo voltamos com a resposta do Luan, acho que dá pra esperar kkk Dá até pra fazer um bolão.. Quem acha que o Luan vai dar uma chance? Quem acha que ele vai esnobar e falar que só queria comer ela? Quem acha que ele vai falar que é gay? kkkk Enfim, digam aí a opinião de vocês. Beijos.
PS: Fanfic nova pra vocês lerem. Destinotraçado