Eu não me lembrava como o beijo de Luan era bom. Lento mas absurdamente viciante, daqueles que você só para porque precisa respirar.Nós não tínhamos nos beijado cem vezes, mas eu já me sentia diferente. Estava enfim flutuando de novo.
-Nossa aposta continua de pé e vou ganhar outro beijo - ele falou assim que nossos lábios se afastaram e tudo que eu fiz foi abaixar a cabeça envergonhada. - Ei - ele levantou meu rosto com cuidado - Me desculpa por isso...
-Tudo bem - eu disse sem jeito, sem querer assumir que eu tinha gostado - Mas.. não faz de novo - eu pedi, usando a razão. Seu beijo era ótimo, me trazia sensações especiais, mas eu ainda tinha medo de onde aquilo tudo poderia me levar, e tudo que eu não queria - e nem precisava - era sofrer de novo.
-Ainda tá de pé nossa viagem não é? - perguntou com receio e eu ri,
-Claro, estou com saudades não é?
-Então está fechado, nada de furar comigo.
-Não vou - respondi sorrindo e ele beijou minha testa, antes de se despedir e me deixar sozinha, pensando no nosso beijando durante o resto da noite toda.
...
Sexta-feira. 15 horas, e uma van parou em frente a casa da Tatá. Ela estava empolgada, porém eu estava receosa, querendo desistir daquela ideia. Não suportava imaginar todo mundo me olhando com pena, e pior, ter que sempre incomodar alguém, já que eu era dependente de ajuda. Para não estragar a alegria da minha amiga, eu não conversei sobre isso com ela, e quando Luan entrou no quarto para me ajudar a sair eu segurei sua mão.
-Eu não quero ir mais. - falei com vontade de chorar e ele pacientemente parou na minha frente, se abaixando para ficar da altura da minha cadeira.
-O que houve?
-Eu não quero incomodar ninguém, e infelizmente preciso de ajuda pra tudo. Minha amiga vai tá com o namorado, não quero ela em cima de mim, e nem você, você tem seu trabalho.
-Você não vai incomodar.. O máximo que eu vou fazer é empurrar sua cadeira, e nem isso você precisa porque você mesma consegue fazer isso. - ele alisou meu rosto - Eu não te levaria comigo se eu não quisesse.
-Eu sou dependente de alguém Luan, e isso incomoda sim.
-E eu sou dependente de você - disse sem pestanejar enquanto eu o encarava sem saber o que falar - Você precisa sair mais, só ficar em casa não é bom pra ninguém.. Logo você vai poder andar sozinha... esse seu sofrimento é por pouco tempo, mas podemos amenizar tudo, não podemos? - ele perguntou limpando minhas lágrimas, e eu assenti - Eu pensei em tudo... você é responsabilidade minha, e eu vou conseguir cuidar direitinho de você. Vai até ficar comigo no quarto - falou rindo de lado e eu o encarei cruzando os braços.
-Não acredito que vai se aproveitar disso Luan - fingi estar indignada.
-De maneira alguma.. mas sua amiga vai ficar com o namorado e não é bom te deixar sozinha... sei bem como é medrosa - ele me encarou de lado e eu ri. Amava o jeito que ele lidava com tudo. O fato de eu ser cadeirante não mudava nada pra ele. - Vamos? - perguntou se levantando e eu assenti. - Uhuuuu, velociodade máximaaa!
-Nãao Luan - pedi segurando o suporte do braço com força enquanto ele empurrava minha cadeira depressa pela casa, como se eu fosse um carro, ou algo parecido. - Idiota - acusei quando ele parou e me pegou no colo, morrendo de rir de tudo. Uma criança crescida.
Durante o trajeto até o aeroporto, Luan ia cantando com a equipe, enquanto batia no encosto do banco que estava a nossa frente...Era um pagode antigo, e eles se divertiam repetindo aquele mesmo verso umas 500 vezes ... "Ela tá dançando e o pimpolho tá de olho, cuidado com a cabeça do pimpolho"
Luan se responsabilizou a me carregar pra cima e para baixo. Me desceu da van e em seguida me subiu no jatinho. Depois de se assegurar que eu estava bem, ele voltou pra atender as fãs, mas tudo isso sem que elas me vissem. Isso também ocorreu quando chegamos em Tibau, Rio Grande do Norte, aonde ele fazia questão de cuidar de mim, sempre perguntando se estava tudo bem.
Entramos por trás no hotel, e ele empurrava minha cadeira como se aquilo fosse um brinquedo, já que fazia barulho de motor com a boca, o que me fazia rir. Fomos sozinhos no elevador até o quarto em que dormiríamos, aonde tinha uma enorme cama de casal a nossa espera. Cocei a cabeça sem graça, pensando em como seria dormir com ele. Até porque eu não podia tirar ele do próprio quarto, e como ele mesmo disse, não podia ficar sozinha em outro.
-Chegamos - ele disse se aproximando mais da cama. Em seguida me pegou no colo e me sentou na mesma, me ajudando a tirar os meus sapatos, tomando todo cuidado para que eu ficasse confortável.
-Você tá se saindo uma ótima babá - brinquei jogando o cabelo pro lado, para encostar nos travesseiros que estavam atrás de mim.
-Cê viu? E você me subestimando - ela riu se sentando na ponta da cama, para se livrar dos seus sapatos também.
-Da próxima vez que eu te acompanhar prometo que estarei andando com minhas próprias pernas. - falei rindo e ele me encarou.
-Gostei do otimismo, ainda mais de saber que vai ter outra vez - ele piscou e eu ri negando. - Caramba tô com fome - reclamou passando a mão na barriga.
-Eu também tô - reclamei fazendo careta e ele me olhou como se tivesse aprontando algo.
-Quer saber? Dane-se minha dieta hoje! - falou pegando o menu disposto ao lado do telefone - Vai querer o que? Pizza?
-Hum, pizza parece ótimo. - falei o encarando de lado, enquanto ele ligava para pedir nossa comida.
...
Anoiteceu e a gente até se assustou, o tempo passou tão rápido que nem percebemos. Pedi pro Luan ligar pra Tatá pra mim, até porque ele não poderia me dar banho né? Mesmo ele falando que não via problema nenhum. Minha amiga chegou no quarto em questão de minutos e já me levou pro banheiro. Eu já conseguia tomar banho sozinha, mas ela me ajudava geralmente a me sentar no banco em baixo do chuveiro. Eita, tínhamos um problema... aonde eu sentaria ali?
-Toma banho de banheira - ela sugeriu dando de ombros.
-O problema é sair da banheira depois, você não vai conseguir me tirar.
-Aí a gente chama o Luan...
-Ah claro.. você só esqueceu que eu vou estar pelada.
-A gente veste uma langerie. Acho que não tem problema ele te ver de lingerie não é?
-Claro que tem amiga.
-Olha Mari, não tem nada aí que o Luan não tenha visto antes...
-Mas...
-Mas nada, vamos logo se não vamos atrasar todo mundo.
-Tá bom. - concordei mesmo contra gosto, e ela me ajudou a entrar na banheira, o que era bem mais fácil.
Foi bem mais complicado do que pensamos. Primeiro tivemos que esperar a banheira encher, e enquanto isso eu já ia me ensaboando. Depois tivemos que esvaziar tudo, para que eu pudesse me secar. Para vestir a langerie também não foi fácil, e eu ainda molhei o bumbum. Tanara chamou o Luan pra me tirar dali e eu senti as bochechas corarem, estava morrendo de vergonha. Ele também não soube disfarçar, engoliu seco quando me viu daquele jeito e me pegou no colo completamente sem graça. Por sorte ele só me colocou na cama e depois entrou no banheiro para tomar banho. O pior tinha passado.
Tanara me ajudou a vestir o vestido que eu tinha levado e depois saiu, deixando todas minhas maquiagens próximas, para que eu mesmo me maquiasse. Quando enfim fiquei pronta consegui sorrir pro meu reflexo. Ai... aquela velha sensação de ir num show dele...
-Nossa... - Luan falou assim que abriu a porta do banheiro já vestido e eu o encarei. - Você está... linda! - ele me elogiou sorrindo e eu mordi os lábios sem graça - Não.. não faz assim.
-O quê?
-Não morde os lábios desse jeito, eu tô tentando me segurar, poxa - disse coçando a nuca desajeitado e eu ri.
-Ficou bom mesmo?
-Tá brincando? Você tá perfeita. - veio em minha direção.
-Me ajuda com o colar? - pedi e ele assentiu, parando atrás de mim. Delicadamente ele fechou o colar e em seguida passou os dedos levemente pela minha pele, o que instantaneamente me causou arrepios. - O..obrigada - agradeci um pouco desconfortável e ele então se afastou.
Enquanto Luan terminava de se arrumar eu tirei uma foto e postei em minha rede social, o que causou um alvoroço, é claro.
mariandrade
mariandrade Dia de curtir ;D
Durante o caminho até o local do show foi outra farra dentro da van, e dessa vez eu estava mais solta, apesar de estar um pouco apreensiva.
Quando chegamos Luan me desceu da van e pediu pra que Tatá me levasse pro camarim da banda, aonde eu pudesse ficar mais a vontade.
Ficamos com a banda até a hora do show começar, e Rober foi nos buscar lá, ajudando minha amiga a me levar para o palco. Rober teve que me pegar no colo para subir as escadas atrás do palco, enquanto minha amiga levava minha cadeira. Foi nessa hora que muitas fãs descobriram que eu era cadeirante. Mesmo assim não me deixei abater, apenas curti o show, o show que eu confesso... estava com saudade!
...
Antes de voltar para o hotel fomos para um restaurante aonde ficamos por muito tempo, mas tivemos que ir embora logo, já que começaram a aparecer fãs por ali. Por falar nisso, fotos minhas já rolavam por todos os cantos, enquanto elas tentavam adivinhar como eu tinha parado naquela cadeira de rodas. A propósito, passei boa parte do jantar vendo o que elas falavam, e por sorte li várias coisas agradáveis.
Chegamos no hotel um pouco antes de começar a amanhecer, e mesmo assim eu estava sem sono, por incrível que pareça. Luan me ajudou a tirar os sapatos e depois sentou de frente pra mim.
- E aí, gostou do show?
-Eu amei, estava morrendo de saudade de te ver em cima de um palco. Incrível como você continua arrasando.
-Ah obrigado, que bom que gostou - falou segurando minha mão, enquanto me encarava de forma intensa. - Reparei você olhando o twitter durante o jantar... minhas fãs já estão falando de você não é?
-É, elas estão tentando adivinhar como estou nessa situação. Vou contar sobre o acidente no twitter..
-Olha.. você não precisa falar nada se não quiser..
-Eu quero, é minha situação agora. - dei de ombros e ele se aproximou mais de mim, beijando minha mão suavemente.
-Sei como é difícil pra você, mas mesmo assim você está enfrentando tudo com garra. Te admiro por isso.
-Se não fosse você eu jamais conseguiria - falei mantendo meu olhar fixo no dele e ele sorriu, alisando meu rosto com o indicador. Mordi os lábios sem graça, antes de abaixar a cabeça.
-Droga, por que você faz isso com a boca? - ele falou como se estivesse irritado e eu voltei a o encarar - Me desculpa, dessa vez não vou me controlar. - disse vindo pra cima de mim com pressa, tomando minha boca num beijo envolvente, do qual eu não queria sair.
Me afastei dele por um instante e respirei pensando se deixava aquilo continuar. Um lado falava que eu estava me entregando a dor outra vez, e o outro me implorava para ser dele, mesmo com todas as possíveis consequências. Suas mãos ainda me faziam carinho e aos poucos eu ia perdendo a consciência. Dane-se o lado que tentava me impedir, tudo que eu queria era beijá-lo. Sem medo. Sem receio. Sem dor. Sem razão. Sem nada. Pouco a pouco eu mesma fui me aproximando e ele me ajudou, vindo pra mais perto. Nossos lábios se encontraram de novo, dessa vez com uma certa urgência e eu segurei forte sua nuca, intensificando nosso beijo, enquanto suas mãos travessas já tentavam abaixar a alça da minha blusa. Mordi seu lábio inferior e depois me afastei, voltando minha blusa pro lugar.
-Não diz nada, não pensa nada - ele falava roçando nossos lábios - Confia em mim.. só mais essa vez - ele foi descendo os beijos pelo meu pescoço e eu já podia sentir o calor entre nós dois.
As suas mãos dançavam pelo meu corpo e eu sentia um fogo subir instantaneamente. Ele me deitou na cama com cuidado e começou a subir meu vestido suavemente, beijando cada pedacinho do meu corpo. Eu me sentia incompleta, e achava que não seria capaz de lhe satisfazer naquelas condições. Como se estivesse lendo meus pensamentos. Ele entrelaçou nossos dedos e me encarou sorrindo.
-Você é incrível.. linda.. e me excita muito.. tanto que nem imagina - falou beijando meu rosto e foi descendo devagar...
Nossa noite foi maravilhosa, especial. Tinha saudade, desejo, descoberta... Percebi que o fato de eu não andar não significava absolutamente nada, nem pra mim e muito menos para Luan, que me tratava como se eu fosse uma joia rara. Ainda me sentia incompleta, porém agora via de uma forma diferente. Como todo quebra-cabeça, eu também tinha uma peça para me completar, e nesse caso, a minha peça era ele.. meu cantor favorito.
"Não precisa dizer nada, só fica aqui comigo do meu lado, como nunca ninguém ficou antes. Eu andei muito tempo só, tô precisando de carinho, amor, atenção, estou no meu estado mais crítico de carência."
Notas da autora:
Ui, acho que alguém está se entregando aos poucos.. isso não é ótimo? Queria informar que o próximo capítulo é aquele que vocês mais pedem, o encontro de Mari e Luana, que eu já aviso, virá cheio de emoções... Um beijo, e até amanhã!
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