Rever o Luan foi no minimo surpreendente, mas nada diferente do que das últimas vezes. Era uma certeza! Eu não o amava mais. Todavia, ele me trazia boas lembranças, e eu queria aproveitar o show sem me lembrar de tudo que tinha acontecido. Foi divertido, eu conhecia algumas músicas da dupla, e minha mãe ficaria empolgada quando soubesse que eu tinha ido a um show deles, digamos que ela gostava bem mais do que eu.
Assim que cheguei em casa, tirei o salto e senti um alívio imediato. Mesmo tendo ficado sentada, meu pé reclamava de dor, tinha desacostumado com essa antiga vida. Entrei no quarto com o sapato na mão, Douglas já dormia, todo encolhido, enquanto a coberta estava do outro lado da cama. Coloquei o salto no chão e me aproximei pra lhe embrulhar, ele mexia muito e acabava passando frio. Beijei seu rosto de leve e depois fui pro banheiro tirar minha maquiagem, estava louca pra deitar na minha cama.
Lavei meu rosto com sabão líquido e depois passei o demaquilante, morria de preguiça de ter que fazer essas coisas, mas como o tempo estava passando, eu também morria de medo de ficar toda enrugada antes do tempo, e por isso andava um pouco mais vaidosa. Vesti minha camisola e depois deitei com meu marido, o abraçando por trás. Amava dormir agarradinha com ele, apesar de não estarmos fazendo isso com frequência. Douglas andava estranho, mas devia ser por causa de tanto trabalho.
...
Acordei no dia seguinte e passei a mão na cama a procura do Douglas, mas ele não estava lá. Eu estranhei, era sábado, a gente não trabalhava e ele também não costumava acordar cedo nos finais de semana. Levantei e fui no banheiro escovar os dentes, logo em seguida comecei a procurar ele pela casa, mas também não encontrei. Estranho, muito estranho ele sair assim sem dar satisfação. Mas ele não devia demorar, por isso não disse nada.
Voltei pro quarto e arrumei a cama. Aproveitei o pique e dei uma geral na casa inteira, enquanto fazia um almoço pra nós dois. Terminei a comida, terminei de arrumar a casa, e nada do meu marido aparecer. Coloquei a mesa pra nós dois e liguei pra ele, preocupada.
-Alô?
-Oi amor, onde você tá?
-Tô na casa de um amigo. Ele tá fazendo um churrasco aqui.
-E você nem me chamou? - fiz bico mesmo que ele não estivesse vendo.
-A gente vai conversar sobre uns processos e eu acordei muito cedo. Como você chegou tarde eu não quis te acordar.
-Poderia ter pelo menos me avisado, fiz um almoço pra gente.
-Pois é, eu esqueci de ligar. Mas guarda a comida que mais tarde a gente janta junto.
-Tudo bem - disse desanimada - Tchau - desliguei e suspirei. Não acredito que ia passar o dia todo sozinha.
Acabei perdendo o apetite e guardei toda a comida na geladeira. E agora, o que eu ia fazer? Peguei minha coberta no quarto e fiquei ali na sala, vendo filme atrás de filme, só eu e Deus. Quando a fome bateu, levantei e fiz um pequeno lanche.
O tempo passava e Douglas sequer mandou mensagem pra perguntar se eu estava bem ou se eu queria o encontrar.
Entediada de ficar ali, quando o sol já começava a esfriar, peguei o telefone e liguei pra minha mãe. Ela me chamou pra visitá-la e eu não pensei duas vezes. Corri pro banheiro e tomei um banho rápido, fiz uma maquiagem simples e peguei a chave do carro. Diferente do meu marido, eu lhe mandei uma mensagem falando que ia pra casa da minha mãe e ele só mandou um emotion sorrindo, sem falar nada. Ele estava estranho demais...
Assim que cheguei na casa da minha mãe, a abracei e sentei no seu sofá. Sua nova companhia era uma gata de estimação, que era a coisa mais fofinha. Peguei ela no colo e fiz carinho em sua cabeça, ela até fechava os olhos para receber meus afagos, e aquilo me fazia rir.
-O que te deu para vir aqui hoje?
-Ah mãe, o Douglas saiu com uns amigos e eu fiquei sozinha. - dei de ombros e ela me encarou.
-E ontem você que saiu com as amigas e deixou ele sozinho..
-Mas é diferente, ele quem insistiu pra que eu fosse, porque eu não queria. - bufei - Mas por falar nisso, sabe no show de quem eu fui? - perguntei rindo e ela me encarou.- Bruno e Marrone.
-Ah mentira, por que não me levou? - cruzou os braços.
-Decidi tudo em cima da hora.
-Ele cantou aquela música que eu gosto? "E a gente foi no motel ontem, isso cê num conta" - cantarolou dançando e eu assenti.
-Essa é a pior de todas - falei rindo e ela negou. - É sim mãe, não sei quem é mais babaca, o cara que usa e abusa da coitada, ou a jumenta que se rende e ainda paga a conta.
-Filha, é só uma música - riu de mim e eu dei de ombros - Vou fazer alguma coisa pra gente comer. - sorriu saindo dali e eu continuei alisando a gata da minha mãe.
A Mia, gata de estimação da casa,era um animal bastante esperto, além de ser dengosa. Deitei ela na minha perna e ela ficou quietinha, me olhando com aquela cara que dava vontade de apertar. Peguei meu celular e tirei uma foto, precisava mostrar aquilo pra todos.
mariandrade
mariandrade Como posso com tanta lindeza?
Continuei fazendo carinho na Mia até minha mãe voltar com um monte de torrada e eu um patê que tinha feito. Eu nem estava com tanta fome, mas como comida de mãe a gente nunca nega, eu acabei comendo algumas.
-Eu te mostrei as fotos do réveillon?
-Ainda não, tem aí?
-Tá no pen drive, vou colocar na TV pra você ver - saiu atrás do pen drive e logo voltou, ligando ele na televisão, começando a exibir as fotos do último Ano Novo, do qual tínhamos passado juntas em Paris.
-Nossa mãe, ótima hora pra tirar foto ein - ri da foto que ela tinha tirado de um beijo meu e do Douglas.
-Não sei quem é o mais apaixonado - brincou e eu ri.
-Quero postar - fiz bico e ela riu.
-Tava aí toda bravinha e agora quer postar é?
-Quero, pega seu notbook para eu enviar pro meu email - pedi e ela foi buscar o notbook no quarto.
Terminamos de ver as fotos na televisão e depois eu passei minha foto com o Douglas pro computador, enviando ela pro meu email logo em seguida. Talvez ele não merecesse, mas eu ia postar.
-Que legenda eu coloco? - pedi a opinião da minha mãe.
-Coloca aquela música do Luan que você gostava...
-Sério isso? - perguntei rindo - Ele vai amar, nossa- fui irônica e ela deu de ombros.
-É que a letra é tão fofinha.
-Primeiro que eu gostava de todas as músicas do Luan, e segundo que todas as músicas dele são fofinhas - disse rindo e ela teve que concordar.
-Mas você sabe da que eu tô falando, é uma muito antigo, da época que ele cantava com a voz anasalada - riu e eu me lembrei.
-E agora não tem quem arranque, você de dentro do meu coração - cantarolei e ela assentiu.
-Essa mesma!
-Eu amo essa música - fechei os olhos e sorri. Meu Destino era sem dúvidas uma das minhas músicas preferidas, sempre quis que Luan a regravasse, e quando ele a cantou no show em homenagem a uma fã que tinha vindo a óbito no incidente com a Boate Kiss eu chorei como criança.
-Você amava aquele CD todo.
-Verdade, é uma relíquia. Tá guardado ainda né?
-Tá, louco pra ser levado pro novo lar - jogou indireta e eu ri, porém tinha coisas que eu preferia deixar no meu antigo quarto.
-Deixa onde está - ri - E para de me desconcentrar, ainda não sei que legenda colocar.
-Coloca um coração, tá ótimo - disse rindo e eu neguei.
Ainda sem muita ideia, passei a foto pro Instagram e coloquei um efeito qualquer. Não sabia o que colocar na legenda, mas improvisei.
mariandrade
mariandrade Porque tudo de mim, ama tudo em você!
Desliguei o celular e joguei do lado, voltando a fazer carinho na Mia, que já dormia toda jogada no meu colo.
As horas foram passando e eu decidi voltar pra casa. Douglas não tinha me ligado nem nada, e eu desisti de tentar entender o que se passava na cabeça dele. Beijei o rosto da minha mãe e me despedi, voltando pra minha casa. Douglas sempre foi um bom marido, me mimava mais do que tudo além de me fazer rir sempre, eu não tinha o que reclamar, e eu o amava muito, muito mesmo. Do contrário não teria me casado com ele. Só que ultimamente ele andava tão estranho, nosso relacionamento estava tão frio que eu sinceramente não sabia o que fazer. Ás vezes fosse coisa da minha cabeça, bobagem.. É, talvez fosse.
Cheguei em casa e estacionei o carro atrás do dele, o que indicava que ele já estava ali. Tranquei o meu carro e entrei sem fazer muito barulho. Ele estava jogado no sofá, e eu o abracei por trás.
-Oi meu amor - sorri beijando seu rosto.
-Oi - disse passando a mão por cima dos meus braços que estava em volta dele. - Tudo certo? - perguntou.
-Aran - falei dando a volta no sofá e me sentando ao lado dele. - E como foi o churrasco?
-Foi legal - disse colocando o pé em cima do sofá.
-Que bom - sorri tirando meu sapato. Ele estava concentrado no programa que via, e sequer se preocupou em saber o que eu tinha feito. - Viu a foto que eu postei? Nem sabia que minha mãe tinha tirado aquela foto - ri.
-Eu vi, também não sabia - sorriu de lado e voltou a ficar calado.
-Vou subir pra tomar um banho - disse ficando de pé e ele outra vez não disse nada - Ei - o chamei e ele me olhou de lado - Quer ir comigo não? - fiz minha voz mais sexy e ele negou.
-É que eu tô gostando desse programa - me olhou sorrindo sem mostrar os dentes e eu assenti, saindo sem graça.
Subi pro nosso quarto e tomei um banho demorado e quente, tentando não pensar besteira. Ele só estava estressado demais e queria ficar quieto. Era isso. Ou melhor, ele só queria ver o programa, não era nada demais. Mas o programa ia acabar e quando ele subisse ia ter uma bela surpresa.
Saí do banheiro e passei o óleo corporal que ele mais amava, aproveitei e vesti uma lingerie preta, cheia de rendas, que ele falava que dava vontade de arrancar com o dente. Fiz um coque mal feito, já que ele amava segurar no coque com força. Pretendia passar a noite fazendo amor com ele, e aquilo reacenderia o fogo do nosso casamento.
Passei um pouco de perfume atrás das orelhas e me deitei na cama, esperando ele aparecer.
Demorou pra ele entrar no quarto, pra ser sincera, eu já estava quase dormindo, mas ele enfim chegou. Me ajeitei na cama e ele acendeu a luz. Mordi os lábios quando ele me encarou e ele sorriu sem jeito. Chamei ele com o dedo e ele se aproximou tirando a camisa. Mas se engana quem acha que algo aconteceu. Ele se sentou na cama, segurou meu rosto e me deu um beijo sem graça, alegando que estava muito cansado, e que precisava dormir. Eu nem tive cara pra falar alguma coisa, apenas me afastei, peguei o lençol e me cobri. Ele estava sim diferente, e eu não sabia o que fazer para salvar meu casamento.
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