Mariele Andrade
Finalmente recebi alta, e aí veio a parte chata: contar para todos que eu e Douglas íamos nos separar. Por sorte, não quiseram saber detalhes e eu disse pra minha mãe que iria voltar a morar com ela. Lógico que ela ficou feliz, mas em seguida ficou pensativa.
-O que foi, mãe?
-As escadas - ela disse sem jeito - Mas eu vou dá um jeito, vou ver se o pedreiro do vizinho faz um quartinho lá em baixo, a gente diminui um pouco a sala... - começou a fazer planos e eu ri sem jeito, tinha voltado a ser criança, isto é, estava outra vez dependendo da minha mãe.
-Fica tranquila, eu durmo até no sofá - eu disse tentando lhe acalmar.
-É claro que não, se precisar contratar alguém só pra subir e descer você eu contrato - disse com sinceridade e eu ri. - Mas isso é por pouco tempo, logo minha princesa vai estar andando de novo - beijou minha testa.
Tentei não pensar nisso, e esperei levarem a cadeira de rodas pro quarto para que eu finalmente deixasse aquele hospital.
-O que foi, mãe?
-As escadas - ela disse sem jeito - Mas eu vou dá um jeito, vou ver se o pedreiro do vizinho faz um quartinho lá em baixo, a gente diminui um pouco a sala... - começou a fazer planos e eu ri sem jeito, tinha voltado a ser criança, isto é, estava outra vez dependendo da minha mãe.
-Fica tranquila, eu durmo até no sofá - eu disse tentando lhe acalmar.
-É claro que não, se precisar contratar alguém só pra subir e descer você eu contrato - disse com sinceridade e eu ri. - Mas isso é por pouco tempo, logo minha princesa vai estar andando de novo - beijou minha testa.
Tentei não pensar nisso, e esperei levarem a cadeira de rodas pro quarto para que eu finalmente deixasse aquele hospital.
As coisas são completamente diferentes quando o ir e vir é cheio de barreiras. Eu percebi isso quando me sentaram pela primeira vez na cadeira de rodas que meu pai teve que comprar para mim. Aquilo não era a melhor sensação de todas, e estava longe de ser, mas eu tentei não ligar, já que agora não tinha como voltar atrás. Mas até então não tinha sido muito complicado, porque o caminho até o carro não tinha muitos obstáculos, e eu tinha o Rober pra me ajudar empurrando a cadeira.
Durante o caminho até minha casa fui pensando em tudo que enfrentaria dali pra frente. Não queria ser mais a menina frágil de sempre, algumas coisas já tinham mudado, e eu queria que mudasse mais.
Quando cheguei na casa da minha mãe percebi muitos carros estacionados ali na frente. Instintivamente sorri.
-É uma festa de boas vindas - minha mãe disse sorrindo - Boas vindas a nossa casa, e a nova vida que ganhou - falou emocionada e eu assenti.
Rober me ajudou a descer do carro e me empurrou até dentro de casa, aonde todos me esperavam com sorrisos gigantes, misturado a olhares de pena. Eu não esperava que fosse diferente, sabia que muita gente me olharia com esse mesmo olhar. Basicamente quem estava ali era minha família, e de amigos somente Rober e Tanara. Falei com todos e minha mãe me empurrou mais pro meio da sala. Lais veio correndo me pedindo pra pegá-la no colo.
Sentei ela em cima da minha perna e ela delicadamente passou a mão no meu rosto.
-Você vai ter que andar nisso por muito tempo? - perguntou inocente.
-Eu espero que não - passei minha mão em seu rostinho também.
-Será que posso dar uma volta com você aqui? - pediu sorrindo.
-Não filha, fica pesado pra ela - meu pai falou lhe repreendendo e ela fez bico.
-Rô me ajuda aqui, vamos dar uma carona rapidinho pra Lala - eu falei chamando meu amigo que veio de bom grado.
-Segura mocinha - ele disse empurrando a cadeira pela sala enquanto minha irmã ria em meio a tantos olhares em cima da gente.
No instante, em meio a carona que estava dando a minha irmã caçula, bateram na porta e eu me perguntei se faltava mais alguém ali. Minha mãe se afastou para abrir e eu fiquei olhando curiosa. Quando a porta se abriu eu não acreditei. Luan estava lá, visivelmente sem graça e sorriu pra ela sem jeito, que a convidou para entrar. Todos ali começaram a olhar para o Luan espantados, e logo em seguida pra mim, já que não era segredo que eu fui uma das fãs mais loucas que Luan já teve.
-Oi - ele disse pra mim, ignorando todos os olhares.
-Oi - respondi sem jeito também.
-Ando te surpreendendo né?
-Pois é, não esperava vê-lo aqui em casa - fui sincera e ele riu.
-Sua amiga me ligou, falou da festa de boas vindas e eu vim - deu de ombros e eu sorri.
-Fico feliz que tenha vindo - respondi sorrindo e depois olhei em volta, vendo que todos ainda olhavam pra gente. - Essa é minha irmã mais nova - apresentei-a ao Luan e ele pegou na mão dela.
-Prazer. - disse beijando a mãozinha da Laís que se encolheu no meu colo.
-Ma? - ela cochichou. - Ele é igual aquele cantor que você gosta - falou em um tom baixo, mas que deu pra todos ouvirem, fazendo todos rirem.
-Ele é o cantor que eu gosto - cochichei de volta em seu ouvido e ela olhou pra ele colocando a mão na boca envergonhada.
-Bom, vamos comer? - minha mãe apareceu na sala com alguns salgados e logo a atenção finalmente saiu de mim e do Luan e foram a minha irmã que saiu correndo para pegar alguns salgados.
-Como você está? - Luan me perguntou e eu coloquei meu cabelo atrás da orelha.
-Me acostumando - suspirei.
-Não desanima, não - ele falou sorrindo e eu assenti.
-Amiga - Tanara apareceu atrás de mim - Sua mãe está perguntando se você não quer comer do bolo que ela fez?
-Eu quero, mas agora queria tomar banho - disse encarando as escadas.
-Tudo bem, Rober sobre com você né, amor? - ela o encarou e ele assentiu na mesma hora.
-Mas vou precisar de você pra me ajudar no banho. - falei olhando minha amiga.
-Eu vou. Vamos então? - perguntou e eu assenti.
Rober abaixou pra me pegar no colo e Luan o interrompeu.
Durante o caminho até minha casa fui pensando em tudo que enfrentaria dali pra frente. Não queria ser mais a menina frágil de sempre, algumas coisas já tinham mudado, e eu queria que mudasse mais.
Quando cheguei na casa da minha mãe percebi muitos carros estacionados ali na frente. Instintivamente sorri.
-É uma festa de boas vindas - minha mãe disse sorrindo - Boas vindas a nossa casa, e a nova vida que ganhou - falou emocionada e eu assenti.
Rober me ajudou a descer do carro e me empurrou até dentro de casa, aonde todos me esperavam com sorrisos gigantes, misturado a olhares de pena. Eu não esperava que fosse diferente, sabia que muita gente me olharia com esse mesmo olhar. Basicamente quem estava ali era minha família, e de amigos somente Rober e Tanara. Falei com todos e minha mãe me empurrou mais pro meio da sala. Lais veio correndo me pedindo pra pegá-la no colo.
Sentei ela em cima da minha perna e ela delicadamente passou a mão no meu rosto.
-Você vai ter que andar nisso por muito tempo? - perguntou inocente.
-Eu espero que não - passei minha mão em seu rostinho também.
-Será que posso dar uma volta com você aqui? - pediu sorrindo.
-Não filha, fica pesado pra ela - meu pai falou lhe repreendendo e ela fez bico.
-Rô me ajuda aqui, vamos dar uma carona rapidinho pra Lala - eu falei chamando meu amigo que veio de bom grado.
-Segura mocinha - ele disse empurrando a cadeira pela sala enquanto minha irmã ria em meio a tantos olhares em cima da gente.
No instante, em meio a carona que estava dando a minha irmã caçula, bateram na porta e eu me perguntei se faltava mais alguém ali. Minha mãe se afastou para abrir e eu fiquei olhando curiosa. Quando a porta se abriu eu não acreditei. Luan estava lá, visivelmente sem graça e sorriu pra ela sem jeito, que a convidou para entrar. Todos ali começaram a olhar para o Luan espantados, e logo em seguida pra mim, já que não era segredo que eu fui uma das fãs mais loucas que Luan já teve.
-Oi - ele disse pra mim, ignorando todos os olhares.
-Oi - respondi sem jeito também.
-Ando te surpreendendo né?
-Pois é, não esperava vê-lo aqui em casa - fui sincera e ele riu.
-Sua amiga me ligou, falou da festa de boas vindas e eu vim - deu de ombros e eu sorri.
-Fico feliz que tenha vindo - respondi sorrindo e depois olhei em volta, vendo que todos ainda olhavam pra gente. - Essa é minha irmã mais nova - apresentei-a ao Luan e ele pegou na mão dela.
-Prazer. - disse beijando a mãozinha da Laís que se encolheu no meu colo.
-Ma? - ela cochichou. - Ele é igual aquele cantor que você gosta - falou em um tom baixo, mas que deu pra todos ouvirem, fazendo todos rirem.
-Ele é o cantor que eu gosto - cochichei de volta em seu ouvido e ela olhou pra ele colocando a mão na boca envergonhada.
-Bom, vamos comer? - minha mãe apareceu na sala com alguns salgados e logo a atenção finalmente saiu de mim e do Luan e foram a minha irmã que saiu correndo para pegar alguns salgados.
-Como você está? - Luan me perguntou e eu coloquei meu cabelo atrás da orelha.
-Me acostumando - suspirei.
-Não desanima, não - ele falou sorrindo e eu assenti.
-Amiga - Tanara apareceu atrás de mim - Sua mãe está perguntando se você não quer comer do bolo que ela fez?
-Eu quero, mas agora queria tomar banho - disse encarando as escadas.
-Tudo bem, Rober sobre com você né, amor? - ela o encarou e ele assentiu na mesma hora.
-Mas vou precisar de você pra me ajudar no banho. - falei olhando minha amiga.
-Eu vou. Vamos então? - perguntou e eu assenti.
Rober abaixou pra me pegar no colo e Luan o interrompeu.
-O que acha de deixar o Rober descansar? - ele perguntou - Eu posso levar você - disse chegando mais perto e eu fiquei sem jeito.
-Imagina, não se preocupe com isso.
-Preocupar com o que? Com seu peso? Sou forte, fica tranquila - disse naturalmente e eu acabei rindo.
-Então sobe com ela, Luan. Que daqui a pouco eu vou lá - minha amiga disse e ele assentiu, me pegando no colo sem transparecer fazer muito esforço.
-Rober baixinho daquele jeito pegando uma menina alta como você não me pareceu que fosse dar certo - ele disse no meu ouvido e eu gargalhei - Qual seu quarto?
-Segunda porta a direita.
A porta estava aberta e Luan entrou comigo me sentando na cama em seguida.
-E aí, muito pesada? - perguntei rindo e ele negou.
-Até parece muié. Cê pesa quanto? 40kg? - perguntou e eu ri.
-Aiai, meu sonho - suspirei.
-Mas é sério, você é leve. Seu marido pode confirmar - ele falou sentando na ponta da cama e eu fiquei séria. - Que foi? Disse algo errado?
-Eu... não tenho marido - confessei brincando com as mãos e ele me encarou sem entender. - E eu não quero falar sobre isso - completei, já que a próxima pergunta dele seria o que tinha acontecido.
-Então sobe com ela, Luan. Que daqui a pouco eu vou lá - minha amiga disse e ele assentiu, me pegando no colo sem transparecer fazer muito esforço.
-Rober baixinho daquele jeito pegando uma menina alta como você não me pareceu que fosse dar certo - ele disse no meu ouvido e eu gargalhei - Qual seu quarto?
-Segunda porta a direita.
A porta estava aberta e Luan entrou comigo me sentando na cama em seguida.
-E aí, muito pesada? - perguntei rindo e ele negou.
-Até parece muié. Cê pesa quanto? 40kg? - perguntou e eu ri.
-Aiai, meu sonho - suspirei.
-Mas é sério, você é leve. Seu marido pode confirmar - ele falou sentando na ponta da cama e eu fiquei séria. - Que foi? Disse algo errado?
-Eu... não tenho marido - confessei brincando com as mãos e ele me encarou sem entender. - E eu não quero falar sobre isso - completei, já que a próxima pergunta dele seria o que tinha acontecido.
-Sabe de uma coisa? É verdade que sentir o cheiro da pessoa de perto é maravilhoso - mudou de assunto do nada e eu o olhei sem entender.
-Que história é essa de cheiro de perto?
-Ouvi esses dias um cara dizer para namorada que amava carregá-la no colo, porque sentia o cheiro dela de perto. - me explicou - É verdade, acho que vou me inscrever pro cargo de carregador.
-Minha mãe está procurando um cara pra essa função mesmo.
-Opa, então avisa a ela que você já encontrou - disse mexendo no cabelo e eu ri.
-A Tatá está demorando - fiz careta.
- Ela deve estar ocupada, mas se quiser eu te ajudo com o banho - Pseudo-inocente.
-Obrigada, eu vou esperar.
-Você que sabe - deu de ombros e nós rimos.
Tatá logo apareceu no quarto com minha cadeira de rodas e Luan se virou pra sair, mas minha amiga disse pra ele esperar pra me descer de novo. Eu fiquei sem graça e disse que não precisava, mas Luan disse que naquele caso, ele fazia questão de esperar.
-Ótimo, então coloca aquele banco ali no banheiro - ela pediu a ajuda do Luan que na mesma hora pegou o banco e levou para o banheiro. Em seguida, me pegou no colo e me sentou no mesmo banco, bem debaixo do chuveiro, saindo dali logo depois.
Tanara fechou a porta e veio me ajudar a tirar a roupa, para que eu pudesse enfim tomar um banho, para tirar aquele cheiro de hospital do corpo.
-Qual é a sua? - perguntei quando ela ligou o chuveiro e ela riu, já sabendo do que eu estava falando.
-Douglas me contou da separação assim que eu o liguei para falar do acidente - ela falou pegando a esponja para me ensaboar - Ele me falou tudo que tinha acontecido e eu o odiei na mesma hora, até achei que a culpa era dele. Que você tinha saído nervosa e acabou batendo o carro. - ela se explicou enquanto eu permaneci calada - Mas quando vi Luan no hospital... foi como se uma luz se acendesse na minha cabeça.
-Não inventa amiga, eu acabei de me separar, e Luan é o último cara da face da Terra por quem quero me envolver.
-Rober disse que ele ficou todo preocupado...
-Não importa, isso é loucura. O que ele fez não conta pra você?
-A única coisa que conta pra mim é que ele é mais gato que o Douglas - disse sincera e eu ri.
-Isso não quer dizer nada, Luan me magoou assim como o Douglas..
-Mas Luan anda diferente, e nem é o pegador de antigamente. O tempo passou e tudo pode ser esquecido. Ele tá sendo bem fofo então pelo menos deixa ele te ajudar.
-Eu não preciso de ajuda.
-Ah você precisa amiga, você sabe que precisa! - disse terminando de me dar banho - Vou pegar uma roupa pra você, fica pensando aí. - sorriu saindo do banheiro e eu ri de lado.
Tanara nunca gostou de ser contrariada, e além de tudo sempre foi muito sincera comigo, por isso era uma das amigas que tinha sobrado com o tempo. Eu admirava o jeito dela, apesar de ficar irritada as vezes. Independente do quanto ela tentasse fazer Luan ficar por perto nada mudaria, ele também tinha me feito mal, e apesar de eu ter perdoado, não seria burra de deixar tudo acontecer de novo.
Minutos depois minha amiga voltou com uma peça de roupa na mão, me ajudou a me vestir e depois pediu pra que Luan fosse me tirar de lá.
-Toma seu pente e seu creme - minha amiga me entregou tudo. - Vou descendo com a cadeira - saiu empurrando o objeto que a gente nem usou ali, na verdade era uma desculpa dela pra nos deixar sozinhos. Aquela cachorra pensava em tudo mesmo.
-Refrescou? - perguntou e eu assenti.- Quer ajuda? -apontou pros objetos que estava em minha mão.
-Acho que consigo fazer pelo menos isso sozinha - falei sem graça e ele riu.
-Claro que consegue, eu só queria passar creme nas suas pernas mesmo. A desculpa não colou - brincou revertendo a situação e eu ri jogando meus cabelos pro lado para pentear. - Sabe... - voltou a puxar papo - Isso não muda nada - Falou sincero e eu o encarei - Quer dizer... você continua a mesma menina linda e de peito grande - brincou outra vez e eu comecei a rir batendo em seu braço de leve.
-Você tá saidinho ein? - falei terminando de pentear meus cabelos - Toma, passa esse creme aí - joguei o pequeno frasco pra ele que no mesmo momento despejou um pouco do creme na mão passando ele pela minha perna, apertando com força - Ei, eu sinto tá?! - falei rindo e ele me olhou sem entender - Minha paraplegia é incompleta, tenho sensibilidade, só falta força nos músculos mesmo - lhe expliquei rindo e ele voltou a passar o creme, dessa vez com mais delicadeza.
Era estranho imaginar que ele estava ali, me ajudando quando eu mais precisava ao invés de Douglas, que eu jurei ser o amor da minha vida. O mundo realmente dá muitas voltas e nos surpreende..
-Sabe o que eu lembrei agora? - perguntei rindo e ele me encarou - Daquele dia no hotel quando você insistiu que meus peitos eram silicone - falei rindo e ele me encarou com vergonha
-Minha mãe está procurando um cara pra essa função mesmo.
-Opa, então avisa a ela que você já encontrou - disse mexendo no cabelo e eu ri.
-A Tatá está demorando - fiz careta.
- Ela deve estar ocupada, mas se quiser eu te ajudo com o banho - Pseudo-inocente.
-Obrigada, eu vou esperar.
-Você que sabe - deu de ombros e nós rimos.
Tatá logo apareceu no quarto com minha cadeira de rodas e Luan se virou pra sair, mas minha amiga disse pra ele esperar pra me descer de novo. Eu fiquei sem graça e disse que não precisava, mas Luan disse que naquele caso, ele fazia questão de esperar.
-Ótimo, então coloca aquele banco ali no banheiro - ela pediu a ajuda do Luan que na mesma hora pegou o banco e levou para o banheiro. Em seguida, me pegou no colo e me sentou no mesmo banco, bem debaixo do chuveiro, saindo dali logo depois.
Tanara fechou a porta e veio me ajudar a tirar a roupa, para que eu pudesse enfim tomar um banho, para tirar aquele cheiro de hospital do corpo.
-Qual é a sua? - perguntei quando ela ligou o chuveiro e ela riu, já sabendo do que eu estava falando.
-Douglas me contou da separação assim que eu o liguei para falar do acidente - ela falou pegando a esponja para me ensaboar - Ele me falou tudo que tinha acontecido e eu o odiei na mesma hora, até achei que a culpa era dele. Que você tinha saído nervosa e acabou batendo o carro. - ela se explicou enquanto eu permaneci calada - Mas quando vi Luan no hospital... foi como se uma luz se acendesse na minha cabeça.
-Não inventa amiga, eu acabei de me separar, e Luan é o último cara da face da Terra por quem quero me envolver.
-Rober disse que ele ficou todo preocupado...
-Não importa, isso é loucura. O que ele fez não conta pra você?
-A única coisa que conta pra mim é que ele é mais gato que o Douglas - disse sincera e eu ri.
-Isso não quer dizer nada, Luan me magoou assim como o Douglas..
-Mas Luan anda diferente, e nem é o pegador de antigamente. O tempo passou e tudo pode ser esquecido. Ele tá sendo bem fofo então pelo menos deixa ele te ajudar.
-Eu não preciso de ajuda.
-Ah você precisa amiga, você sabe que precisa! - disse terminando de me dar banho - Vou pegar uma roupa pra você, fica pensando aí. - sorriu saindo do banheiro e eu ri de lado.
Tanara nunca gostou de ser contrariada, e além de tudo sempre foi muito sincera comigo, por isso era uma das amigas que tinha sobrado com o tempo. Eu admirava o jeito dela, apesar de ficar irritada as vezes. Independente do quanto ela tentasse fazer Luan ficar por perto nada mudaria, ele também tinha me feito mal, e apesar de eu ter perdoado, não seria burra de deixar tudo acontecer de novo.
Minutos depois minha amiga voltou com uma peça de roupa na mão, me ajudou a me vestir e depois pediu pra que Luan fosse me tirar de lá.
-Toma seu pente e seu creme - minha amiga me entregou tudo. - Vou descendo com a cadeira - saiu empurrando o objeto que a gente nem usou ali, na verdade era uma desculpa dela pra nos deixar sozinhos. Aquela cachorra pensava em tudo mesmo.
-Refrescou? - perguntou e eu assenti.- Quer ajuda? -apontou pros objetos que estava em minha mão.
-Acho que consigo fazer pelo menos isso sozinha - falei sem graça e ele riu.
-Claro que consegue, eu só queria passar creme nas suas pernas mesmo. A desculpa não colou - brincou revertendo a situação e eu ri jogando meus cabelos pro lado para pentear. - Sabe... - voltou a puxar papo - Isso não muda nada - Falou sincero e eu o encarei - Quer dizer... você continua a mesma menina linda e de peito grande - brincou outra vez e eu comecei a rir batendo em seu braço de leve.
-Você tá saidinho ein? - falei terminando de pentear meus cabelos - Toma, passa esse creme aí - joguei o pequeno frasco pra ele que no mesmo momento despejou um pouco do creme na mão passando ele pela minha perna, apertando com força - Ei, eu sinto tá?! - falei rindo e ele me olhou sem entender - Minha paraplegia é incompleta, tenho sensibilidade, só falta força nos músculos mesmo - lhe expliquei rindo e ele voltou a passar o creme, dessa vez com mais delicadeza.
Era estranho imaginar que ele estava ali, me ajudando quando eu mais precisava ao invés de Douglas, que eu jurei ser o amor da minha vida. O mundo realmente dá muitas voltas e nos surpreende..
-Sabe o que eu lembrei agora? - perguntei rindo e ele me encarou - Daquele dia no hotel quando você insistiu que meus peitos eram silicone - falei rindo e ele me encarou com vergonha
-Esquece isso tá? Eu estava bêbado. - ele riu sem graça .
-É estranho né? Depois de tudo que passamos, você querendo me ajudar...
-Eu sei que não sou a pessoa mais próxima de você, mas eu te conheço, e querendo ou não, tivemos alguma coisa.
-Que não foi verdadeira - disparei sem pensar - Não da sua parte.
-Não é assim, eu só não era apaixonado, mas gostava da sua companhia, gostava de ficar com você. Era por isso que eu mentia.. apesar de tudo, nunca quis que desistisse de mim. - ele suspirou e depois chegou mais perto - E eu só menti porque... a mentira até certo ponto, servem pra omitir verdades que querem escapar.
-E o que isso quer dizer?
-Nada - ele disse balançando a cabeça. - Eu só queria te falar que eu me preocupo com você. E... eu... eu quero te ajudar, Mari. Quero estar do seu lado. - disse fechando o creme de pele, me encarando em seguida - Mesmo que você não acredite, você marcou minha vida, e eu passei todo esse tempo me arrependendo de ser tão idiota como eu fui. Mas isso passou, e eu quero que tenha o mesmo carinho que teve quando era fã. - disse respirando, antes de continuar falando - Será que você deixa eu fazer parte da sua vida de novo? Será que eu posso ter ao menos sua amizade? - perguntou baixinho enquanto eu sorria.
-Ser amiga do meu ídolo? - perguntei rindo e ele me encarou sorrindo de lado - É claro que eu quero sua amizade!
Luan sorriu e veio pra mais perto, para me dar um beijo na testa. Em seguida me chamou para descer, alegando que eu tinha que comer algo, já que a comida do hospital não devia ser das melhores, e ele estava certo. Com cuidado, ele me pegou no colo e deu uma fungada em meu pescoço. Sorri me lembrando da história do "cheiro de perto" e ele me levou para onde todos estavam.
Quando menos esperei, Luan disse que eu não ia ficar na cadeira de rodas e que me sentaria no sofá, assim como todos os presentes. Outra vez voltamos a ser o centro da atenção, mas isso parece que não o incomodava. Luan me sentou no sofá e se sentou ao meu lado, pegando um pouco de salgado que estava na mesa de centro, me entregando para que eu comesse. Agradeci sorrindo e logo minha tia começou a puxar papo.
O tempo foi passando e algumas pessoas se despediram, me dizendo pra ser forte e todas essas coisas clichês - como se mudasse alguma coisa ou me fizesse voltar a andar. Mas eu entendo, eles queriam que eu ficasse bem- . Por fim, restou apenas Tanara, Rober e o Luan, que já conversado entretido com minha mãe.
-Pois é, o pai da Mari também era muito ciumento quando ela era adolescente. Mudou mais agora que ela está mais velha.
-Eu entendo, também morro de ciúmes da minha filha, e ela só tem 5 anos - Luan falou com sinceridade e eu ri, imaginando o que a pobre Luana passaria pra enfrentar o pai ciumento.
-Ela deva estar enorme - falei e ele assentiu, pegando o celular, certamente para me mostrar algumas fotos.
-Muito, olha aqui - falou virando o celular pra mim, para me mostrar fotos da filha como e já esperava. Luana era linda e tinha traços dele, apesar de eu ainda a achar muito parecida com a Ana.
-Bruna postou foto com ela - Tanara comentou e no mesmo momento ele entrou no Instagram da irmã.
brusantanareal
brusantanareal Indo levar a princesa da família pro Shopping.
-Ela é - concordou curtindo a foto e guardando o celular no bolso.
-Estou com sono, acho que vou dormir. Mas não estou mandando ninguém embora viu?! - falei rindo.
-Eu também já vou, estava só esperando para te levar pro quarto mesmo.
-Não precisava, Luan - ri sem graça.
-Claro que precisava, já disse pra ela viu Dona Fernanda? Sou oficialmente o carregador dela. - disse se levantando e ela riu.
-Aí filha, já encontrou um - ela brincou entrando no jogo dele. - Mas amanhã mesmo o cara vem aqui para começar a fazer o quartinho pra ela.
-Você podia ficar lá em casa enquanto isso né, amiga? - Tanara propôs.
-Não, chega de incomodar os outros.
-Incomodar com o que? Você tá falando é com sua melhor amiga, não é com qualquer falsiane não - ela disse irritada e acabamos rindo.
-Vemos isso depois amiga, agora só quero dormir. Vamos lá, carregador? - olhei pra Luan que esfregou as mãos antes de me pegar no colo. - Boa noite, família. Obrigada pela surpresa.- me despedi enquanto Luan me levava pro quarto.
Delicadamente ele me deitou na cama e tirou minha sandália. Depois me ajudou a me ajeitar melhor na cama e se afastou, perguntando se eu precisava de alguma coisa.
-Obrigada por tudo, você me ajudou bastante - sorri em agradecimento.
-Pode contar comigo, sua amiga tem meu número. Liga quando quiser. - falou e eu assenti - Tá pensativa... o que foi?
-Tô achando engraçado essa situação, o tempo passa e a gente volta pro mesmo lugar...
-Eu já disse que deve ter um propósito - deu de ombros
-Ok, talvez tenha. - concordei rindo e ele se despediu, me deixando inerte com meus pensamentos.
"E de repente a vida te vira do avesso, e você descobre que o avesso é o lado certo..."
Notas da Autora:
Estou postando esse capítulo com um receio enorme, então por favor, me falem o que estão achando... Queria aproveitar para agradecer a Bia e a Luiza, que estão me ajudando com várias montagens lindas, sério, não vejo a hora de postar. Essa da Luana com a Bruna por exemplo, foi a Bia que fez, em breve teremos foto Luriele.. Por hoje é isso. Beijão!
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