Tentei falar com Mariele durante todo o dia, queria vê-la antes de ir pra outra cidade do show, mas ela não me atendeu, nem visualizou minhas mensagens.. O que estava acontecendo? Por que aquele cara tinha que aparecer de novo? Por que ele não ficou na dele? Logo agora que estávamos finalmente nos entendendo..
No fim das contas, tive que ir embora e não a encontrei. Estava preocupado. Preocupado com ela e é claro, com os sentimentos que ela ainda tinha por ele. Eu não podia pressioná-la, eu não podia interferir nas suas decisões, nos seus sentimentos - apesar de eu querer muito que ela sinta o mesmo que eu.
Fiz o show com a cabeça cheia, pensando no que poderia estar acontecendo.. Eu precisava conversar com ela.. eu não queria que ela pensasse que outra vez estava a ignorando, a deixando de lado. Mas como eu faria isso? Continuava cheio de coisa pra fazer, e ainda tinha que ir ver minha filha, que me ligava do celular da tia para falar que estava com saudade.. eu a entendia, eu nunca tinha ficado tanto tempo longe dela como dessa vez.
Quando cheguei no hotel, tentei ligar pra ela outra vez e para variar, ela não atendeu.. Normal Luan... ela deve estar dormindo..pensei sozinho, apesar de não ter desculpa para as outras vezes que a liguei e ela não atendeu. Mesmo preocupado eu tentei dormir, depois tentaria falar com ela de novo.
Mariele Andrade
Minha cabeça estava para explodir, era muita informação, muita coisa para se pensar. Luan me ligou de madrugada e eu não atendi, não queria deixar ele chateado comigo, e também não podia ter cobrado nada dele, já que agora eu nem sabia o que fazer.. Seria tão mais fácil se eu soubesse a melhor saída, mas eu não sabia..
Decidi voltar pra São Paulo, precisava ficar sozinha.. só eu e meus pensamentos, que com fé iam se acertar. Me despedi do minha irmã e da minha madrasta e meu pai foi me levar embora. Ele tentou puxar papo durante o caminho mas eu respondia de forma curta e ele não insistiu.
Assim que cheguei em casa me despedi dele e agradeci pelo cuidado, agora eu precisava ir pro meu quarto, me trancar lá pelo resto da noite e pensar no melhor a ser feito...
...
Terça de manhã, acordei para minha sessão de fisioterapia, continuava confusa, mas me sentia bem melhor. Decidi que não falaria disso para mais ninguém, assim ninguém tentava me ajudar, ou melhor, me deixaria mais confusa. Não que eu não confiasse na Tata, ou na minha mãe.. eu só não precisava tocar naquele assunto..A sessão foi tranquila e eu consegui ficar de pé sem o andador.
-Muito bom, Mariele. Acho que estará andando sozinha daqui pouco tempo.
-Finalmente uma notícia boa - comentei me sentando na cama enquanto minha fisioterapeuta me encarava. - Obrigada - agradeci evitando que ela desse uma de amiga e pedisse para eu desabafar.
Quando ela saiu, eu sentei de frente para o meu computador. Não sei de onde tirei coragem, só sei que comecei a preparar os papéis do divorcio. Douglas foi sincero comigo, eu ainda sentia algo por ele, mas nossa história tinha acabado..
Luan Rafael
Terça-feira e eu finalmente consegui ir para minha casa ficar com minha filha, ela estava mesmo com saudades e grudou em mim o dia todo. Brincamos de muitas coisas, assistimos filme juntos e eu me senti bem, depois de tantos dias me sentindo entranho, ainda preocupado com o silêncio da Mari. Decidi que respeitaria sua decisão, deixaria ela sozinha, talvez ela precisasse desse tempo para ela.
No fim da tarde, recebi uma ligação, e mal acreditei que era ela.
-Oi Mari - atendi nervoso.
-Oi Luan, você pode falar?
-Posso, estou em casa hoje.
-Está em casa? Então.. será que a gente poderia se ver? - propôs e meu coração deu um solavanco.
-É claro..
-Então eu vou pegar um táxi até sua casa, pode ser?
-Pode sim, vou deixar sua entrada autorizada.
-Ok, até mais - se despediu e desligou.
Nem preciso dizer que fiquei feliz em vê-la me procurando, mas ao mesmo tempo me deu um medo estranho. Ela estava diferente, estava estranha.. Mas eu não queria pensar nada antes de ter conversado com ela, podia ser só coisa da minha cabeça.. O marido dela tinha aparecido e é claro que isso mexeria com ela. Foi um casamento de anos, eles pareciam felizes.. e eu entendia como ela se sentia.
Ela chegou minutos depois e eu corri para abrir a porta. De cara eu já percebi que seu olhar já denunciava que algo a incomodava e eu não sabia se tinha o direito de me meter. Falei para ela entrar e assim ela fez, indo em direção ao sofá, aonde se sentou e me encarou, batendo pra que eu me sentasse do seu lado..
-O que foi? Você está bem? - perguntei me sentando ao seu lado
-Não Luan.. Não estou bem - falou me encarando por poucos segundos, mas logo abaixou a cabeça - Estou confusa...
-Confusa? Com o que?
-Me responde uma coisa... você... gosta mesmo de mim?
-É claro que eu gosto. - falei segurando suas mãos.
-Não.. você não entendeu.. você.. gosta mesmo? De verdade? - perguntou um pouco tensa e eu engoli em seco.. Eu não só gostava dela, eu sentia algo a mais, só que sei lá.. não conseguia dizer isso a ela.
-Gosto Mari, de verdade - foi tudo que consegui dizer.
-Eu não sei o que eu faço Luan - ela falou apoiando o rosto nas mãos - Eu não sei.
-Ele te procurou de novo?
-Saímos para jantar no sábado..
-E como foi? - perguntei sentindo um nó preso na garganta.
-Eu fiquei mais confusa.. não se perdoo ele.
-Mas.. eu pensei que a gente poderia.. - falei meio sem jeito e ela me encarou.
-Eu sei.. pensei na gente também.. Eu não devia ter te cobrado nada Luan, me desculpa.. eu e você.. é estranho, nunca daria certo e..
-Espera.. por que está falando isso?
-Eu tinha tomado uma decisão.. estava fazendo o divorcio.. mas ele me ligou e falou um monte de coisa, me lembrou um monte de coisa.. Douglas sempre foi sincero comigo, Luan. Ele nunca quis me magoar... eu até terminei as papeladas mas eu acho que.. não vou conseguir assinar.
-Então você está dizendo que.. vai escolher ficar com ele?
-Eu não tenho que escolher nada Luan... Eu e você não temos nada.
-Como não? A gente estava começando a dar certo de novo - falei revoltado. Como assim ela vira e fala que tudo que tivemos foi nada?
-Ele é meu marido, Luan.. é com ele que eu tenho que ficar.. me desculpa por ter dado a louca naquele dia.. eu... não tinha o direito.
-Mari.. escuta.. o Douglas te abandonou.. ele sumiu.. Eu que estive do seu lado esse tempo todo.
-Eu sei.. e eu vou ser eternamente grata.. mas - deu de ombros.
-Não faz isso, eu.. - engoli em seco. FALA PRA ELA LUAN, FALA O QUE SENTE DE VERDADE. FALA QUE A AMA...- Eu.. não quero que se afaste de mim..
-Eu também não.. mas a partir de hoje.. seremos só amigos de novo..
-Mari..
-Eu já decidi Luan.. vou voltar pro meu marido - me encarou com os olhos vermelhos e eu até tentei me aproximar. Mas eu não podia, era a escolha dela. Quer saber...talvez não fosse para ficarmos mesmo juntos, e ela não tem culpa, ela nem sabe que eu a amo, e eu sou um idiota, por nunca ter falado isso a ela.
Mariele Andrade
Saí da casa do Luan com um aperto enorme no peito, mas eu sentia que era o melhor a ser feito. Tinha pensado muito, muito mesmo e aquela era a saída que eu tinha achado. Douglas errou, mas foi um erro perdoável, ele não me traiu, ele não mentiu pra mim.. Além do mais, Luan vivia num mundo muito diferente do meu, e meu pai tinha razão.. eu não conseguiria viver desse jeito. Ao mesmo tempo eu estava sentindo uma dor enorme no peito. Infelizmente meu coração batia forte pelos dois, apesar de os sentimentos pelo Douglas serem maiores do que pelo Luan. Na verdade, eu tinha medo de achar que estava voltando a sentir algo pelo Luan só pelo fato de ele ter me ajudado tanto, mas isso não era justo com ele, e além do mais, eu não estava preparada para ter nada mais sério com o Luan.. seria um namoro que viria cheio de turbulência, com um monte de fã em cima.. Eu sinceramente não me sentia preparada para isso, eu só queria a minha vida de antes de volta..
"A dor. Você só tem que sobreviver a ela, esperar que ela vá embora sozinha, esperar que a ferida que a causou, cure. Não há soluções, respostas fáceis. Você só respira fundo e espera que ela vá diminuindo. Na maior parte do tempo, a dor pode ser administrada, mas às vezes ela te pega quando você menos espera, te acerta abaixo da cintura e não te deixa levantar. Você tem que lutar através da dor, porque a verdade é que você não consegue escapar dela e a vida sempre te causa mais.”
Maratona 1/3
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