sexta-feira, 1 de julho de 2016

Parte 1 - Capítulo 58

Voltei para casa e encarei outra vez os papéis do divórcio. Minha decisão estava tomada, e eu rasguei aquilo tudo, antes que enlouquecesse.. Peguei meu celular e entrei no whats, aonde mandei uma mensagem para o Douglas:

"Quero conversar com você.. "

Travei o celular de novo e me deitei.. logo o celular apitou com sua resposta.

"Estou em São Paulo, quer que eu vá ai agora?"

                                                                                     
                                                                                 "Está tarde, não precisa de pressa."

"Não ligo de está tarde, chego em 20 minutos.."

Deixei o celular de lado e fui tomar banho. Não esperava que fosse vê-lo no mesmo dia que tinha ido falar com o Luan, mas era bom resolver tudo de uma vez por todas. Assim que fiquei pronta, quando penteava meus cabelos molhados, ouvi batidas na porta e mandei entrar, já sabendo quem era que estava ali. Douglas entrou sorrindo sem jeito e caminhou até minha cama, aonde se sentou, depois de me pedir licença.

-Seus cabelos cresceram bastante - ele falou e eu assenti. Ele era muito observador. Durante todo nosso casamento qualquer coisa diferente que eu fazia ele percebia e falava, o que eu amava nele. - Então.. você pensou no que eu disse? Eu.. fiquei tão feliz quando você me mandou mensagem - comentou rindo e eu larguei a escova em cima da escrivaninha.

-Você se lembra daquela vez que fomos para Orlando? - perguntei e ele riu assentindo - Você me forçou a ir naquela montanha russa assustadora - ri me lembrando de umas das nossas viagens inesquecíveis.

-Você quase me deixou surdo - ele riu - Mas foi muito louco, confessa - disse me encarando e eu assisti.

-Foi, foi uma viagem louca.. - ri envergonhada.

-Hum.. tá se lembrando da minha fantasia de Aladin né, safadinha? - ele perguntei e eu comecei a rir.

-Douglas... - o repreendi envergonhada.

-Você riu tanto de mim que eu quase brochei, quase..

-É que ficou engraçado... - confessei ainda rindo

-Foram bons momentos..

-Foram - falei parando de rir aos poucos - E é por isso que eu pensei no que você disse - falei com calma e ele sorriu.

-Pensou? Então...

-Sim, eu quero tentar de novo.

-Ai meu amor - sorriu e chegou mais perto - Obrigado por essa chance, obrigado por ser mais inteligente que eu e tentar fazer tudo dar certo de novo - segurou minhas mãos e beijou uma a uma - Prometo que vou fazer de tudo, tudo mesmo para que possamos ser felizes.

-Eu sei que vai - sorri pra ele que me puxou pra um beijo.. Um beijo diferente, estranho, que não durou muito, já que eu não deixei..já que eu não consegui deixar

Alguns Dias Depois..


Luan Rafael

Não pensei que acharia bom estar com uma rotina agitada, mas de certa forma foi bom pra mim, me animou e me fez bem. Tinha passado uma noite no estúdio com Dudu e tinha acabado de terminar uma música, que teve uma boa inspiração, uma inspiração que a essa hora deve estar nos braços de outro... Decidi com Dudu que cantaria a música no show de final de semana, que seria no Citibank. A princípio ele estranhou, mas disse que ia ser legal, e pegaria todos de surpresa.

Voltei pra casa com a cabeça a mil, tentando pensar em outras coisas, mas tudo me fazia pensar nela, absolutamente tudo.. É Luan, ela te pegou de jeito. Em meio a devaneios uma música começou a tocar na rádio, e maldita hora que eu decidi parar para prestar atenção na letra da música.

Eu queria sumir
E não te responder nunca mais
Deixar nossa história pra trás
Dizer que quem perdeu foi você.

Eu queria esquecer o bem que sua boca me faz
E com todas as letras dizer então vai
E em qualquer paixão me perder


Mas o problema é que eu te amo

Um dia sem você eu já reclamo

Invento uma desculpa pra te ver



Mas o problema é que eu te quero

E o tempo que preciso for, eu espero

Pra mim felicidade é ter você

Droga, eu pensei que nunca mais ia precisar passar por isso de novo, pensei que só Ana tinha sido capaz de me causar tantos sentimentos assim, mexer comigo daquele jeito.. Eu estava perdido, gostando de uma pessoa que gostava de outro, que não queria mais nada comigo.

                                   ...

Acordei de tarde no dia seguinte, com minha filha pulando em cima de mim.

-Papai, acorda! Você já dormiu demais.

-Papai está cansado.

-E eu quero sair. Sai um pouco comigo papai? Por favor? - pediu com uma voz tão dengosa que eu não pude negar, e então me levantei para me arrumar.

Tomei um banho rápido, comi qualquer coisinha e depois fui dar uma volta de carro com Luana, sem saber pra onde levá-la. Parei o carro em um parquinho ali perto, que por sorte tinham poucas crianças brincando. Sentei no banco um pouco longe e deixei com que ela corresse e brincasse por onde quisesse. Sempre achei que não existia nada mais gostoso para uma criança do que brincar de verdade, e por isso, por mais esperta que Luana fosse, eu não deixava ela ficar mexendo muito em celular ou outras coisas..

Alguns minutos depois ela veio correndo em minha direção, e toda desengonçada sentou no banco do meu lado, me encarando como quem tentava me decifrar.. daquele tamanho.

-Que foi? - perguntei rindo e ela cruzou os braços.

-Por que o senhor tá triste, papai?

-Eu não estou triste...

-Está sim, eu só não sei porquê.

-É bobagem filha.. vai passar - sorri pra ela que passou as pequenas mãozinhas no meu rosto.

-Não gosto de te ver assim, papai.

-Vai ficar tudo bem - segurei as mãozinhas dela e beijei. - Vamos tirar uma foto?

-Vamos - ela sorriu animada e eu então pedi pra uma moça que estava ali tirar uma foto nossa, que depois também quis tirar foto comigo. - Deixa eu ver, papai. - ela pediu e eu mostrei - Posta! - ela falou toda convencida e eu ri, fazendo o que ela pediu na sua frente.

   luansantana


luansantana Tarde com a fiota! 

Deixei Luana brincar mais um pouco e depois voltei com ela para casa, já que estava quase anoitecendo. Durante o caminho de volta eu falei para ela que a levaria no show do final de semana e ela comemorou bastante, o que me deixou feliz também. Ver aquele sorrisinho lindo no rostinho dela me fez percebi naquele momento simples que, minha alegria teria que ser só minha filha, como sempre foi, antes de Mariele aparecer. 

Mariele Andrade

Voltei a morar com o Douglas, só que em um apartamento. Decidimos que não era necessário ir para Ribeirão Preto, até porque eu preferia continuar perto da minha mãe. Além disso, confiava na minha fisioterapeuta dali e não estava querendo procurar outra, Douglas aceitou as condições e logo as coisas voltaram ao normal. Ou melhor, mais ou menos, já que eu me sentia uma estranha perto dele. Era estranho dormir com ele, era estranho comer com ele, era estranha conviver com ele.

Saí em uma quarta para conversar com a Tatá e passei a tarde toda com ela, ela me distraía muito e com ela eu ficava mais a vontade. Ríamos muito, de qualquer bobagem. Adorávamos assistir filmes para falar mal dos personagens, apesar de nos identificar com alguns. Tatá então comentou que Luan faria show no Citibank e que ela queria que eu fosse pra lhe fazer companhia, alegando que queria ver do camarote. Não sei se era uma boa ideia, mas aceitei sem pensar duas vezes. Era um show dele.. e eu sentia saudade.

Quando cheguei em casa me surpreendi ao ver um monte de pétalas no chão, que formavam uma espécia de caminho, que levava até a cozinha. Coloquei a bolsa ao lado e segui as pétalas, chegando até a cozinha, que estava escura. Ou melhor, estava iluminada apenas pelas velas que estavam em cima da mesa. Junto aos pratos, copos, vinho.. tudo muito bem arrumadinho.

-Boa noite senhorita - Douglas apareceu atrás de mim e me abraçou, beijando meu pescoço suavemente - Está com fome?

-Um pouco - falei rindo.

-Então fica a vontade - puxou a cadeira pra mim - Preparei um jantar especial. - falou indo até o fogão, pegar nossa comida.

-Estamos comemorando algo? - perguntei quando ele tirou o avental e pegou a travessa com lasanha que estava no forno.

-Nossa reconciliação - ele falou colocando a comida em cima da mesa, me servindo em seguida.

Douglas cozinhava bem, acredito que até melhor do que eu, o que me fez repetir a comida. Depois de satisfeita, limpei minha boca e o encarei. Ele me olhava de um jeito fofo e eu cheguei a ficar sem graça.

-Que foi? - perguntei pegando o vinha, bebericando devagar.

-Nada... gostou da surpresa?

-Gostei, estava com saudade da sua comida - confessei bebendo mais um gole do vinho.

-Eu.. acho que a gente precisava.

-É. - falei o encarando. Encostando na cadeira.

-Tem outra coisa que eu tô com saudade.. - ele falou apoiando os cotovelos na mesa - Sabe.. fiz vários planos.. Pensei que a gente poderia comer, conversar, beber um vinho - levantou a taça e tomou um gole - E depois... terminar nossa noite fazendo amor - falou rindo de lado e eu cheguei a me engasgar - Que foi? Eu falei alguma besteira? - perguntou sem graça.

-Não, é que.. - coloquei a taça na mesa de novo - Nunca precisamos fazer planos para terminar alguma fazendo sexo - falei saindo dali, indo pro meu quarto dormir, que era a única coisa que eu estava com vontade de fazer.


“Talvez a gente goste da dor… Talvez sejamos feitos assim… Porque sem ela, sei lá… talvez a gente não se sentisse real… Como é aquele ditado? “Por que eu continuo a me bater com um martelo? É porque me sinto bem quando eu paro”.

                                    Maratona 2/3


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