quarta-feira, 20 de julho de 2016

Parte 2 - Capítulo 23

Capítulo dedicado à Bea, que está fazendo aniversário. Parabéns lindona.

Luan Rafael

As coisas seriam diferentes do que eu imaginava. Mariele estava rígida e se divertindo as minhas custas. Resolvi deixar ela jogar, até porque também tinha minhas cartas na manga. O show de lançamento da nova tour estava chegando, e eu pensaria em algo para fazê-la mudar de ideia rapidinho.

Saímos do estúdio um pouco tarde, e obviamente dirigi em direção a nossa casa. Ela logo se manifestou, disse que era para eu deixá-la na casa de sua mãe. Até tentei fazê-la mudar de ideia, mas não teve jeito, acabei tendo que fazer sua vontade, mesmo aquilo contrariando a minha. Quando parei o carro, me virei para conversar, mas ela foi logo abrindo a porta e saindo, dizendo um seco "tchau". Respirei fundo e liguei o carro. Eu ia contornar aquela situação. 

No dia seguinte fui acordada pela minha empregada. A banda estava ali, para o ensaio da turnê. Levantei da cama com muito custo e fui tomar um banho - eles podiam esperar um pouco. Debaixo do chuveiro, comecei a lembrar da minha esposa, do jeito que ela me acordava. Ela com certeza era mais delicada que minha empregada, que chegou abrindo a janela e gritando pelo quarto. Mariele era mais doce. Me acordava com beijos.. e aquilo fazia falta. Por lembar dela, comecei a planejar algo na cabeça.

Assim que desci me deparei com todos bem animados, que riam de algo que eu não faço ideia do que seja. Maria já tinha servido eles com alguns petiscos, e eu percebi isso ao ver os pratos vazios em cima da mesa - é, talvez eu tenha demorado um pouco no banho.

-Acabou a bagunça seus malacabados. Vamô trabalhar. - disse rindo, ainda descendo as escadas.

-Patrão finalmente chegou - Diego comemorou.

-Eu sabia que esse cabelo demorava para ficar pronto, mas não imaginei que fosse tanto - Fernando zoou.

-Pode zoar, eu tenho que deixar meu cabelo crescer e ele tá dando mais trabalho mesmo - disse sem me importar muito pras brincadeiras. O crescimento do meu cabelo tinha a ver com a nova fase da minha vida, e serviria para dar um ar mais maduro ao meu trabalho. Afinal, eu já era um homem de 30 anos. - Testa, chega aqui - chamei ele em um canto - Preciso de um favor. Quero que providencie um buquê de rosas vermelhas e mande entregar na casa da minha sogra. Consegue?

-Pode deixar - ele sorriu animado.

-Ótimo - fiquei satisfeito.  Nada como um buquê para mexer com o coração de uma mulher grávida.

Voltei para perto do resto dos meninos e os chamei para área de lazer, para começar o nosso trabalho. Tinha muita coisa para ser acertada e eu estava super animado com tudo.

Ensaiamos por horas e quando os meninos foram embora já estava de noite - mas isso porque quando eu acordei já era quase duas horas da tarde. Antes deles irem, havíamos tirado uma foto, que eu postei logo que eles saíram.

   luansantana


luansantana Tudo que é bom nasce assim.. na boa, sem pressão, sem tempo! Apenas música, música e música! #tour2016 #may @paulinhopexe @fernando_baron @djvbatera @roberlelis 



-Que horas a Lu chega? - perguntei à sua babá.

-Hoje ela teve inglês, mas já deve está chegando - ela me explicou e eu assenti, voltando minha atenção ao celular. Entrei no meu snap por acaso - não mexia nele com muita frequência, mas como estava ali, resolvi ver se tinha algo interessante, e de fato tinha. Mariele tinha postado algo mais cedo e eu - nada curioso - quis ver o que era.



Sorri satisfeito. Pelo visto ela havia gostado da surpresa. (Ou postou para abafar o caso do que tinha dito sobre separação.) Eu prefiro acreditar na primeira opção. Com um pouco de saudade que me perturbava, resolvi ligar para ela e tinha uma desculpa boa, para fazê-la aceitar vir até minha casa.

-Amei as flores - foi a primeira coisa que ela disse quando me atendeu.

-Que bom, fico bem feliz. - sorri bobo - Na verdade te liguei para um convite. Um jantar especial, aqui em casa - disse animado.

-Hum, sei não.

-Não por minha causa. Por causa da Luana. Pensei em fazer uma surpresa pra ela, que deve está quase chegando do inglês.

-Se é pela Luaninha eu aceito, tô com saudade dela - topou animada e eu sorri. Minha desculpa tinha sido perfeita.

-Vou te buscar então. - disse antes de desligar e fui correndo até a cozinha - Prepara um jantar especial, com tudo de melhor - pisquei pra Maria.

-Você já arranjou outra, Luan?

-Que outra? Tô tentando conquistar minha esposa. - disse rindo dela.

-Então vou caprichar - ela sorriu satisfeita.

-E Grazi, arruma a Luana quando ela chegar, só não conta onde fui. Vou lá buscar a Mari e já volto - disse antes de sair, sorrindo de orelha a orelha.

Cheguei rápido na casa da minha sogra, e Mariele já estava pronta, com um decote generoso, que me fez perder o ar. Gostaria de entender, como ela conseguia ficar tão linda de um dia pro outro. Além disso, aquela barriguinha crescendo já mexia comigo como nunca antes, e minha vontade era de apertá-la. Enfim, nem fiquei muito tempo ali, logo estávamos a caminha da minha casa de novo.

-Gostou mesmo das flores?

-Eu amei, fazia tempo que não ganhava um buquê - ela disse pensativa e eu me senti um pouco culpado.

-Sou desligado, você sabe...

-Sim, estou acostumada - ela riu, encarando a janela. - Teve ensaio hoje? - ela mudou de assunto.

-Teve sim, eles adoraram as ideias, a tour vai ficar incrível.

-Eu não tenho dúvidas - disse sorrindo pra mim. Eu tinha me esquecido como ela tinha o sorriso lindo. - E música nova? - perguntou curiosa.

-Tem uma pra finalizar e outra que é uma aposta muito grande, mas pra projeto futuro.

-Como consegue?

-O quê? - perguntei a encarando de lado.

-Guardar uma música que coloca muito expectativa? Sei lá, acho que se eu fosse cantora e fizesse uma canção que me deixasse empolgada, iria querer soltá-la logo para ver a reação das pessoas.

-Tem que ter paciência. Existe a hora certa. Por enquanto nosso plano é mudar a tour, superar o Acústico. Tudo no devido tempo. - lhe expliquei com serenidade - Mas sei lá, podemos de repente fazer uma troca..

-Troca? - ela me olhou sem entender.

-É. Você me dá um beijo e eu mato sua curiosidade mostrando um trecho da música - disse com naturalidade e ela riu, sem me dar minha resposta.

 Chegamos em casa e eu entrei na frente. Luana estava sentada o sofá, ainda de uniforme.

-Ei mocinha, por quê ainda não foi tomar banho?

-Estou cansada papai - reclamou, deitando no sofá.

-Ai ai ai viu? - reclamei, perdurando a chave no chaveiro que ficava próximo a porta.

-Deixa a menina - Mariele a defendeu, e na mesma hora Luana levantou vindo em nossa direção.

-Mariii, que bom te ver - disse animada, nem parece que as duas viviam se implicando antes. - Minha nossa, parece que você engoliu um melão, sua barriga está maior - disse espantada fazendo a gente rir.

-Pois é, sua irmã está crescendo.

-Já decidiu um nome?

-Estamos pensando.

-Eu pensei em vários - disse animada, puxando a madrasta para o sofá. - Gosto de Priscila e acho Manoela lindo, mas aí pensei.. e se todos os filhos tivessem o nome com a mesma letra? Aí minha irmã poderia se chamar Letícia, ou Laura.. não sei.

-Gosto dessa ideia da mesma letra-  Mariele concordou animada.

-Também acho legal, e mais legal ainda é se a senhorita for tomar um banho pra gente jantar. hum? - perguntei e ela me encarou séria.

-Vou só porque preciso mesmo de um banho. Mas quando eu voltar a gente fala mais disso - disse convencidinha e subiu as escadas, fazendo Mariele rir de seu jeito espevitado.

-E o senhor, não vai tomar banho?

-Por quê? Estou fedendo ? - me cheirei e ela riu.

-Não, é que amo você de cabelo molhado e perfume exalando - disse sorrindo de lado e eu não pude lhe negar aquele desejo.

-Tudo bem, então vou tomar um banho bem rápido. - disse me levantando - Você.. fica a vontade. A casa continua sendo sua - pisquei para ela antes de subir.

Como dito, meu banho realmente foi rápido, e eu fiz questão de caprichar no perfume. Mesmo ela querendo ver meu cabelo molhado, peguei outro boné e coloquei na cabeça, não gostava muito do jeito que ele ficava quando ainda estava molhado. Sem enrolação, desci a escadas e vi Mari deitada no sofá, entretida com o celular. Cheguei mais perto e tentei passar o dedo no celular, pra chamar sua atenção, mas não foi preciso. Antes mesmo de me aproximar, ela se virou, me vendo ali.

-Foi rápido - disse se sentando de novo no sofá.

-É, não consigo ficar muito longe de você - fiz charme, me sentando do seu lado.

-Papinho furado, cantor? - brincou tirando meu boné, colocando em sua própria cabeça.

-Claro que não - eu disse alisando seu rosto, enquanto ela me encarava de um jeito que eu não conseguia decifrar.

-Vamos tirar uma foto - ela quebrou o clima, pegando o celular.

-Meu cabelo tá feio - reclamei, passando a mão nele, mas ela nem deu bola. Apontou a câmera pra gente, de um jeito que nem dava para aparecer meu cabelo. - Ainda bem que você é uma boa fotógrafa - disse rindo e ela voltou a me encarar.

-Só porque você não sabe o quanto fica sexy com cabelo assim - disse passando as mãos nele.

-Sexy está você, com essa blusa decotada - disse indo pra cima dela, antes que ela tentasse fugir de novo.

-Não façam isso na minha frente - Luana disse no topo da escada, e na hora me afastei de Mariele, completamente sem graça.

-Foi rápida filha - eu disse, a encarando com um pouco de raiva.

-Pois é - ela disse vindo se sentar perto da gente, voltando a falar sobre possíveis nomes para minha filha.

Até a hora do jantar não pude mais tentar me aproximar de Mariele, e também nem peguei meu boné de volta. Ela estava empolgada em conversar com Luana e fingiu que eu nem estava ali. Quando a comida ficou pronta, fomos até a sala de jantar e chamamos Maria e Grazi para comer com a gente, deixando o clima mais familiar.

-Agora, já pra cama Luana. - disse depois que ela terminou de comer.

-Mas pai...

-Mas nada. Amanhã você tem aula. - disse rígido, já pensando em finalmente ficar com Mari a sós.

-Ta bom - ela levantou emburrada - Você vai dormir aqui, tia?- perguntou e Mari a encarou sem saber o que falar.

-Ela vai sim, amanhã você vê ela. Agora já pra cima - disse na frente, já sabendo que Mariele não ia me corrigir. Na verdade, tinha esperança mesmo de convencê-la a dormir comigo aquela noite.

-Tá bom então, boa noite - Luana se despediu emburrada.

-Escova os dentes - gritei antes dela subir os primeiros degraus - E quanto a senhorita, topa tomar um ar lá perto da piscina? - propus e Mariele assentiu, pedindo licença ao sair da mesa.

Coloquei minhas mãos em suas costas a conduzindo e antes de chegar lá, tive uma ideia.

-Me espera lá, vou pegar o violão - disse voltando para dentro de casa, as pressas.

Peguei meu violão e voltei correndo para onde ela estava, decidido a lhe mostrar uma das músicas novas. Precisava mesmo saber uma nova opinião, e como fã, a sua reação seria interessante pra mim. Quando caminhei em sua direção, vi que ela estava outra vez entretida no celular.

-Tá aprontando o quê? - perguntei, me sentando perto dela.

-Nada, estava postando snap - disse me mostrando a foto que havia acabado de tirar.



-Conta pra gente como é essa vida de tirar uma foto e sair bonita de cara? - fingi segurar um microfone como se a entrevistasse e ela riu de mim.

-Se fosse fácil assim... - disse jogando seu cabelo todo para o lado direito.

-E nossa foto? Vai postar ?

-Vou - disse voltando a mexer no celular, entrando logo em seu perfil. Acompanhei tudo que ela fazia. Primeiro colocou um efeito na foto, depois digitou uma pequena frase. Me marcou na própria foto e por último, postou.

   mariandrade



mariandrade O homem mais cheiroso da face da Terra.

-Agora que tal esquecer esse celular um pouco? - propus, segurando em sua mão.

-Por quê? Vai me mostrar algo? - perguntou encarando o violão.

-Você é espertinha - disse ajeitando o violão no colo, pensando qual das canção mostraria para ela. Como não sou bobo, escolhi a que mais se adequasse ao momento.. - Tá preparada? - perguntei, já tocando o comecinho. Ela assentiu. Eu comecei..

 Jurei, que você fosse minha única opção
Pra pôr um curativo no meu coração 
Até te esqueceria por cinco minutos 
Mas não pra sempre

É a primeira vez que eu vou sair sozinho
O banco do carona hoje tá tão vazio.
Até bateu saudade do seu mau humor

E quando me chamava de amor uo uo uo
Respeitei a sua decisão
E quando a gente terminou uo uo uo
Meu coração não aguentou. Juro

Mas foi só te ver
Caiu a ficha do quanto eu te quero
Que recaída eu tô falando sério.
Parei, pensei, e não me segurei
Olha eu de novo na estaca zero.

Caiu a ficha do quanto eu te quero
Que recaída eu tô falando sério.
Parei, pensei, e não me segurei
Olha eu de novo na estaca zero.

Repeti toda a canção e fiz um toque antes de terminar. Quando parei, a encarei, para tentar decifrá-la, mas foi em milésimos de segundos que fui surpreendido, quando ela se aproximou para me beijar. Foi tão rápido, que eu estava despreparado. Ela segurou minha nuca com força e mordeu minha boca, antes de começar um beijo de verdade - quando enfim entendi o que estava acontecendo. Aproveitei o beijo, e a puxei mais para o meu corpo, mesmo sem entender nada. Quando encerramos aquele delicioso beijo, ela me olhou sorrindo.

-Esse não era o acordo? Você me mostrava a música e eu te dava um beijo..

Às vezes eu até consigo te dizer não, mas isso não costuma durar muito. Bato o pé tentando ficar por cima da situação, mas você é quem domina essa arte. Eu até gosto. Por cima costuma ser a sua melhor posição. Em todos os sentidos. 
Notas da Autora:

Hello pessoal, me desculpem a demora. Quem faz parte do grupo da fanfic sabe que tive problemas com computador que eu escrevo e aí lascou tudo. Na verdade ele ainda não está pronto e eu tive que dar outro jeito, só pra não deixar vocês praticamente um mês sem fanfic. E também pra esclarecer.. É isso. Beijoo








quinta-feira, 7 de julho de 2016

Parte 2 - Capítulo 22

Capítulo dedicado a Lúh. Felicidades gatona. Tudo de bom!


- Tá cego? É uma foto..

- Você é louca? Apaga essa foto agora! - disse me encarando com raiva e eu ri, cruzando os braços -Não vai apagar? Então eu mesmo faço isso - disse nervoso, indo apagar minha foto.

-Mas nem pensar, o Instagram é meu e eu posto o que eu quiser. - disse puxando meu celular da mão dele.

- Você tá de calcinha.. e olha o tamanho dela. Apaga essa porra.. - disse bravo e eu neguei.

-A gente se perdeu do meu pai, Parabéns. Vai atrasar minha consulta - disse com desdém e guardei o celular na bolsa.

-Você não vai apagar Mariele? - ele disse com raiva e eu neguei de novo - Você vai ver só.

-Ah vou. Vai fazer o quê? - perguntei com ironia e ele ligou o carro com raiva. - E não vou ligar pro meu pai, é bom você achar esse consultório logo..

Emburrado, ele pegou o celular e ligou ele mesmo para meu pai, explicou onde a gente estava, disse que tínhamos nos perdido e depois desligou o celular, saindo daquela rua. O consultório era ali perto e não foi difícil de achar.

-Como você conseguiu se perder? - meu pai riu e Luan inventou uma desculpa.

Entramos no consultório juntos e estava vazio, o que foi bom, já que Luan estava conosco. Logo fomos encaminhados ao consultório do Doutor João, e a consulta em si ainda demorou um pouco, já que meu pai decidiu colocar todos os assuntos deles em dia. Eu não me incomodei muito, mas Luan bufava toda hora. Por sorte meu pai nem reparou.

-Então vamos ver como está esse bebê? - o doutor enfim falou e eu assenti, sorrindo muito.

-Já dá para saber o sexo? - perguntei entusiasmada.

-Com 13 semanas dá sim, mas depende da posição do bebê - ele explicou e desde então cruzei os dedos, torcendo para saber qual seria o sexo.

 No geral, foi tudo bem rápido. O médico colocou o aparelho na minha barriga e em seguida começou a sorrir.

- Dá pra saber? - Luan perguntou encarando a tela do computador, vidrado.

-Dá sim... Vocês querem o quê?

-Menino - Luan disse.

-Menina - falei ao mesmo tempo, o que causou risos em todos..

- Tá vendo aqui? - o doutor apontou para um ponto que aparecia na tela - Esse é o tubérculo genital do bebê. No geral eles se formam do mesmo jeito tanto para o sexo feminino quanto para o masculino, mas aqui já dá pra perceber os grandes lábios se formando - disse sorrindo para mim e eu arregalei os olhos. - Ou seja, garanto 90% de chance de ser uma menina. - disse por fim, fazendo a gente comemorar, até Luan..

-Mas espera - ele disse parando um pouco - Então tem 10% de chance de ser menino?- Luan perguntou e todos o olharam.

-Poder pode, mas... há mais chances de ser menina entende?

-Entendo, mas tem 10% de chance de ser menino.

-É uma menina, fim de papo.- falei e todos riram.

-Só faço menina mesmo - deu de ombros e num impulso, selou nossos lábios. Semicerrei os olhos o encarando. Ele se aproveitou da situação. Mas tudo bem, eu estava imensamente feliz em saber que teria uma princesinha nos meus braços dali 6 meses..

Voltamos para casa do meu pai, e novamente fui no carro do Luan. O clima estava menos pesado e ele até esqueceu da foto. Decidi ligar para Luana para contar a novidade e ele pediu para que eu colocasse a ligação no viva voz.

-Oi Bru, deixa eu falar com a Luana aí rapidinho... - pedi assim que minha cunhada atendeu o telefone e ela passou para Luana, pelo visto elas estavam perto. - Alô?

-Tia Mari?

-Sim, sou eu. Tudo bom?

-Tudo sim. Meu pai tá com você?

-Tá aqui, a gente tá te ligando pra contar uma novidade.

-Qual?

-Você vai ter uma irmanzinha!

-Sério? - perguntou animada e eu e Luan rimos - Eu sabia, cara! - disse convencida, nos causando mais risadas.

-Gostou da notícia?

-Gostei. - disse animada - E quando você vai voltar pra nossa casa? - perguntou e Luan me encarou rindo.

-Quero saber também - ele disse baixo e eu ri.

-Em breve - disse encarando Luan, que riu de lado.

- Então tá tia, vou contar pra todo mundo que vou ter uma irmãnzinha. Tchau - ela disse animada e desligou o telefone em minha cara, o que nos causou mais risadas ainda.

A alegria não cabia em mim, e isso era algo transparente, eu diria que até palpável. Luan também transparecia estar feliz e isso me animou. Ele não estava tão desligado quanto achava, Ao vê-lo daquele jeito, rindo e cantando no carro - como se nada tivesse acontecido na ida ao consultório - coloquei minha mão na consciência e apaguei a foto que tinha postado, contando sobre a gravidez. Sabia que aquilo causaria outro rebuliço, mas achei melhor.

Assim que paramos o carro em frente  a casa do meu pai, convidei Luan para entrar, ele pensou um pouco, e desceu junto comigo. Ninguém falava que passamos por tudo que tínhamos passado. Mas a felicidade era grande, e deu motivo pra que as coisas se acalmasse. Veja bem, acalmar não significa que eu fosse voltar.. Luan ainda precisa de mais um gelo.

Entramos em casa e ficamos na sala conversando por um tempo, todos querendo dar sugestão de nome para minha filha. Lógico que aquilo virou uma discussão, porém, uma discussão amigável. Quando estava fadigada, fui para o lado de fora com Luan, e lhe chamei para deitar comigo na rede.

-Como vamos fazer o quartinho dela? - perguntou, olhando para cima.

-Nem sei onde vai ser o quartinho dela.

-Como? - me encarou de lado - É claro que o quarto vai ser montado na nossa casa.

-Não sei não.. - suspirei - Não é porque estamos aqui agora que significa que tudo está bem..

-Para de coisa, Mariele - ele disse, tirando o braço de volta de mim - O que preciso fazer ainda ein?

-Tem muita coisa... Agora deixa eu dormir um pouco - disse virando um pouco o corpo, para descansar. Estava exausta.. Mas feliz.


Algumas semanas depois, Luan me chamou para ir pro estúdio do Dudu com ele e eu aceitei, diante as circunstancias. Eu ainda estava na casa da minha mãe, só que dessa vez as coisas estavam diferentes, Luan me ligava sempre, e até ia lá me ver, sempre pedindo pra que eu voltasse para casa, mas eu ainda não achava que era a hora. Até porque não é de uma hora pra outra que as coisas mudam.. Quem vai me garantir que ele não pensa mais em Ana? Que ele me ama como disse? Eu infelizmente não tinha essa certeza.

-Minha mãe quer Alice - Luan me contou, já dentro do carro.  A nossa família em peso havia ficado feliz em saber que mais uma menina estava a caminho. Minha mãe então, me dava sugestão de nomes todos os dias. Cada dia um nome novo.

-Alice é bonito - disse pensativa.

-Quero Nicole.

-Nem pensar. - fiz careta, nunca gostei daquele nome.

-Tá bom, então vamos achar um que agrade os dois tudo bem? - ele disse sério e eu concordei - Agora mudando de assunto, deixa eu adiantar. Vai ter muita gente da imprensa lá.

-Eu sei, por isso vim. Sei que tenho que me retratar.

-Sim, e você precisa dizer que agiu por impulso, tínhamos discutido e você ficou brava..

-Pode deixar, sei o que vou falar - disse fazendo bola no meu chiclete, e ele não tocou mais no assunto.

Entramos no estúdio de mãos dadas, o que rendeu bastante foto. Eu sorria sem graça, tinha feito besteira, e tinha noção disso. Soltei de Luan e fiquei sentada, vendo ele começar a responder centenas de perguntas. Aquele viado era lindo pra caralho.

-E como reagiu a notícia de que vai ser pai de novo? - perguntaram, e eu me concentrei mais, para ouvir sua resposta. Essa eu queria ver..

-Foi uma surpresa, a gente não esperava. - confessou com sinceridade - Mas agora estou muito feliz, ainda mais que fiquei sabendo que vai ser uma menina também - contou em primeira mão e eu sorri.

O repórter me encarou ali sentada, e perguntou se eu podia responder ao menos uma pergunta. Assenti, já imaginando qual seria: por que eu tinha postado aquilo?


-Bom, eu estava com raiva, e então postei sem ver. A gravidez deixa a gente mais sensível, o Luan sabe - olhei para ele de lado e ele sorriu pra mim - Foi impulso mesmo. Não tem separação nenhuma, a gente já resolveu. - falei sorrindo e Luan me abraçou, dando um beijo em minha testa.

-Todo casal passa por conflitos e brigas. A gente chegou a pensar em separação sim, mas foi na hora da raiva, e vimos que não dá pra ficarmos longe um do outro mesmo - disse me apertando mais a ele, e eu sorri toda boba com o que tinha ouvido ele falar.

Depois daquilo, Luan entrou para enfim gravar a música, e quando ele começou a cantar, eu me desmanchei inteira, igual manteiga derretida. Sinceramente, ele podia apostar numa carreira internacional. Ele cantando inglês era absurdamente lindo, eu não podia negar. 

Dali um tempo, o estúdio foi esvaziando e Luan estava todo feliz e orgulhoso de si. Não era pra menos, tinha ficado muito lindo a música da Coca Cola em sua voz. Aliás, será que existe algo que não fique linda, na voz de anjo que ele tem?

Luan caminhou em minha direção e se sentou ao meu lado, segurando minha mão e colocando em seu colo...

-Eu queria te dizer, que eu te amo.. de verdade - confessou olhando nos meus olhos e eu sorri imediatamente - Vamos cessar isso de uma vez vai? Volta pra casa?

-Não - disse convicta e ele arregalou os olhos.

-Não? - perguntou inconformado.

-Não. - tornei a repetir minha resposta.. -  Antes, você vai ter que provar que me ama.



Notas da autora:
Fanfic nova, quero todo mundo comentando para a menina começar a postar logo! O OUTRO (clica em cima)

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Parte 2 - Capítulo 21

Luan Rafael

Desde que Mari saiu de casa, eu usei o tempo para focar totalmente no meu trabalho, na verdade, esse foi o conselho do meu psicólogo. Ele disse para que eu ocupasse ao máximo minha cabeça, e aos poucos, tentasse fazer minha vida voltar ao que era antes. Bom, é claro que pra mim não foi tão fácil, mas quando eu pensava em música, ajudava bastante. Por sorte, muitos trabalhos foram aparecendo, e eu aceitei todos.

Mas as vezes esse meu foco em trabalho me atrapalhava, e no dia do aniversário de Bruna eu tive que escolher entre ensaiar a música da Coca e estar presente em sua pequena festa, Eu escolhi ensaiar a música. Primeiro porque faltava pouco tempo para o dia da gravação, e por ser em inglês era um pouco mais difícil, segundo porque eu não estava com ânimo para festa.

Por consideração, passei para lhe dar um beijo, e quando ela disse que Mariele estava ali, sorri de orelha a orelha. Como não tinha pensado nessa possibilidade?

-Vamos lá falar com ela - Bruna disse me puxando.

-Melhor não - eu disse, sem graça por não poder ficar, achei que fosse melhor que ela não me visse.

-Vamos sim, ela está linda - disse voltando a me puxar, e eu cedi, sem duvidar que ela realmente estivesse linda.

-Oi - a cumprimentei sem jeito, e encarei o chão. Ela estava mais do que linda  - Eu vim só da oi mesmo - disse olhando para Bruna - Vim só te dar um beijo e te desejar parabéns, seu presente tá la em casa, acabei esquecendo - expliquei, completamente sem graça.

-Tudo bem, pi.

-Então, eu vou indo - disse e a olhei, Mariele estava realmente maravilhosa.

-Luan, eu queria conversar contigo - ela disse constrangida - Para saber quando contar sobre a gravidez.

-Liga pra Ju, vê com ela direitinho.. - pedi, pois a Ju ia saber auxiliar a gente nisso direitinho.

-Não vai ficar no aniversário da sua irmã? - perguntou, parecendo inconformada.

-Eu tenho que ir pro Dudu. a gente tá compondo umas músicas.. Além disso, dia 18 gravo a campanha da Coca-Cola. Tá corrido, você entende né? - encarei minha irmã ,que assentiu positivamente. - Mas faz isso Mari, vê com a Ju quando é o melhor dia para gente contar, se eu fazer pela minha própria cabeça eles me matam - disse com sinceridade  - Agora preciso ir. Beijo pra todas - disse saindo dali, mas com vontade de grudar na Mari, e não desgrudar nunca mais.

O ensaio com Dudu não foi até muito tarde como previsto. O fato de Mari estar na casa dos meus pais estava querendo me atrair de volta para lá, e quando não consegui mais me controlar, encerrei nosso expediente e dirigi as pressas de volta para casa dos meus pais. Como esperava, ainda havia muita gente ali.

-Uai pi, voltou cedo. - Bruna me encarou, abraçada ao namorado. - Eu preciso te contar o que aconteceu quando você saiu - disse com a cara nada boa.

-O quê? A Mari tá bem?

-Não, ela ficou muito brava contigo.

-Brava? Mas por quê?

-Porque ela achou que você não deu atenção pra ela, que não se importa com ela e que tá fazendo pouco caso da gravidez, pelo fato de você pedir pra ela ver tudo com a Ju, sendo que isso é assunto de interesse de vocês.

-Ai minha nossa. Eu só falei isso porque a Ju vai achar a melhor hora para contar.

-É, mas ela entendeu errado, e para piorar tudo, Tanara descascou você e ainda disse que a Mari é trouxa.

-Meu Deus, Tanara tá louca?

-Foi tenso, Mari começou a chorar na hora.

-Caralho Bruna, vou matar a Tanara. Cadê a Mari?

-Ela foi embora.

-Eu vou lá falar com ela.

-Faz isso mesmo, e tenta fazer as pazes. Tá na hora. - ela disse me incentivando, e assim eu fiz. Voltei para o carro do mesmo jeito que estava, em direção a casa da minha sogra.

Dirigi tão rápido que nem sei em quanto tempo cheguei na casa da mãe de Mariele. Desci do carro igual um louco, montando mil textos em minha cabeça, para que a fizesse não querer me matar. Bati na porta da frente com receio, e foi sua mãe mesmo, quem abriu a porta.

-Ah.. oi Luan - ela me cumprimentou, sem muito ânimo.

-Tudo bem dona Fernanda?

-Mais ou menos.. Você pode me explicar o que aconteceu? Mariele chegou aqui com os olhos vermelhos de quem chorou muito.

-A culpa é minha, que não demonstro o quanto quero ela de novo - disse sincero e abaixei a cabeça.

- Você quer ir falar com ela?

-Claro, será que posso?

-Vai lá - deu passagem e eu fui em direção ao seu quarto, 

Eu estava nervoso, com medo do que aconteceria ali. Ela podia me xingar, e mandar eu sumir da sua vida  para sempre, ou ela acreditaria em mim e voltaria para meus braços, que era tudo que eu mais precisava e queria no momento. Mas nenhuma das duas opções aconteceram. Na verdade, ela sequer abriu a porta do quarto.

-Mari, por favor - insisti ao ouvir seu choro baixinho, que apertou meu coração.

-Por favor você Luan, me deixa sozinha - pediu e eu não sabia o que fazer.

-Vamos conversar vai, deixa eu me explicar.

-Não quero ouvir mais nada, estou cheia, cansada. 

-Mari...

-Por favor. Vai embora - pediu outra vez, e eu fiquei sem saída, tive que a deixar. Tentaria conversar com ela depois. Quando o clima esfriasse mais.

Dona Fernanda me olhou triste, quando me viu voltar em pouco tempo. Expliquei que ela nem tinha deixado eu entrar e pedi encarecidamente para que ela cuidasse da minha esposa, já que ela não deixava que eu mesmo fizesse isso. Ela também quis saber meu lado da história, e eu sentei para contar sobre minhas perturbações com as memórias de Ana. Felizmente ela me entendeu, até porque, ela já tinha passado por isso.

-Não vou mentir Luan, não é fácil. Ainda mais quando mistura com algo relacionado a perda. Mas ajuda se você procurar ver as coisas positivas, que são várias.. - disse me encarando.

-Você tem razão, e eu estou me esforçando para só ver os pontos positivos, mas com toda essa situação, tá tudo desmoronando. 

-E só depende de você para mudar.

-Vou me esforçar. - disse com sinceridade e depois me despedi dela, voltando para casa dos meus pais. 


Mariele Andrade

Como todo mundo sabe, não existe nada como o tempo, e boas verdades jogadas em nossa cara. Uma hora a gente acorda e passa a se amar mais. Chega de sofrer por quem não merece. Chega de dá atenção para coisa sem valor, afinal, existem milhões de homens por aí não é mesmo? E por falar em homem, Luan decidiu bancar o apegado, e me ligava todos os dias. Aproveitei para me vingar e não atendi nenhuma de suas ligações. Não queria ouvir nenhuma desculpa.

Na semana seguinte ao aniversário, exatamente na  quinta-feira, viajei para Ribeirão Preto, para a casa do meu pai. Faria outra ultrassom, só que dessa vez em 3D, com um amigo de meu pai. Estava empolgada, e um pouco melhor. Ainda não tinha conversado com Juliana sobre falar sobre minha gravidez, e sinceramente, nem conversaria, decidi por mim  mesmo a hora que faria isso, e aproveitei que a viagem era longa, para fazer de uma vez.

    mariandrade


    mariandrade A vida nos pega de surpresa as vezes, e como todos sabem, ela é cheia de altos e baixos. Queria contar para vocês duas coisas que aconteceram nestes últimos meses. Primeiro que esse ultrassom é meu e no caso, significa que eu estou grávida do Luan. Segundo - e isso provavelmente vai chocar todos - que eu e Luan estamos nos separando! O motivo não vem ao caso, e eu sei que por não falar a verdade, vai gerar milhões de especulações, mas não quero entrar em detalhes, e isso vai ficar a critério dele e sua equipe. Independente de qualquer coisa, sei que vai ficar tudo bem e a partir de agora, temos uma ligação de sangue. Na verdade, temos duas, porque já considero Luana uma filha, e vou sempre querer o melhor para ela.  

Adiantei para todos a notícia de que não existia mais Luan e eu, e é claro que aquilo doeu em mim, como uma navalha. Toda minha alegria foi se dissipando, e minha cabeça esqueceu todos aqueles pensamentos de não sofrer. Mas é dessa forma mesmo, uma hora estamos decidida e outra sofremos sem se controlar. Para pessoas grávidas creio que tudo chega a ser pior e mais intenso. Mas é isso.. a foto já estava postada e eu nem quis olhar os comentários para não piorar tudo.

Minutos depois meu telefone tocou, e eu outra vez recusei. Era Luan. Dessa vez ele foi insistente e eu não resisti, acabei atendendo na quarta vez - consecutiva - que ele me ligava.

-O que você quer?

-Como assim "eu e Luan estamos nos separando"? Não era só um tempo, Mariele?

-Era,  mas mudei de ideia.

-Para com isso Mari, a gente precisa conversar.

-Não temos nada o que conversar Luan Que foi? Decidiu se preocupar agora?

-Não seja injusta,  eu sempre me preocupei.

-Só nunca demonstrou..

-Eu estou cheio de coisa na cabeça Mariele. Vou mudar a tour, tô trabalhando numa nova música e fazendo várias campanhas. Você tem que entender..

-Entender o quê? Que estou sempre em segundo plano?

-Não Mariele - disse e bufou - Vamos sair pra conversar hoje? O que acha?

-Não vai dar, estou indo pra Ribeirão, tenho ultrassom.

-E nem me fala?

-Falar pra quê? Você não liga mesmo - disse bufando também.

-Claro que ligo, é meu filho também.

-Ah, pensei que não lembrava disso.

-Mariele...

- Vou desligar tá bom. Tchau - disse e desliguei sem esperar ele dizer mais nada. Não demorou para ele voltar a ligar de novo, mas eu não atendi, e para me poupar, desliguei o telefone.

Cheguei em Ribeirão na hora do almoço e a comida já cheirava do jardim, minha boca até salivou na hora. Estrogonofe. Reconheci pelo cheiro. Entrei rápido e minha irmã veio correndo em minha direção, como sempre fazia.

-Não pula no colo dela, sua irmã está grávida - minha madrasta avisou e ela veio mais devagar para cima de mim.

-Que saudade de você maninha - apertei ela nos meus braços - Você tá cada dia maior - peguei seu rosto em minhas mãos e me senti velha.. Ela estava crescendo rápido demais

-Eu estava louca pra ver o tamanho da sua barriga - ela disse animada e eu levantei, para que ela pudesse ver. Antes mesmo de eu mostrar, ela levantou minha blusa e começou a passar a mão na minha barriga - Já mexe?

-Ainda não - disse sorrindo. - Vamos comer? Eu tô morrendo de fome - disse fazendo careta e ela riu.

-Minha mãe fez estrogonofe - disse passando a mão em sua própria barriga.

-Hum, tô sentindo o cheiro - sorri indo em direção a minha madrasta, que eu ainda nem tinha cumprimentado.

Almoçamos em um clima descontraído e eu até esqueci um pouco dos meus problemas. Meu pai estava animado, e disse que ia aproveitar que eu estava ali para gente comprar coisas para montar o quarto. Eu ri da sua pressa, e depois já quis começar a chorar.. Eu nem sabia onde montaria o quarto do meu bebê, se seria na minha antiga casa ou na casa da minha mãe. E o detalhe é que meu pai nem sabia sobre o meu problema com Luan, e se soubesse, ia acabar com ele.

-E seu marido? Tá fazendo show? - perguntou e eu assenti, colocando outra colher de comida na boca. Meu pai não era muito ligado a rede social, então não sabia bem quando Luan tinha show ou não, e graças a isso, também não veria a foto que eu tinha postado a pouco tempo no carro. Minha madrasta até era mais antenada que ele, mas não tinha Instagram, então também não estava sabendo - Ele já foi em algum ultrassom com você? - meu pai perguntou.

-Não - disse colocando mais comida na boca e ele negou, talvez achando Luan muito irresponsável, e eu não tirava sua razão.

-Mas deixa isso pra lá, eu vou contigo hoje - minha madrasta falou animada e eu sorri pra ela.

-Eu também vou - meu pai disse.

-E pode entrar tudo isso na sala?

-Claro que pode, é meu amigo. - ele disse convicto.

-Então também vou - minha irmã se meteu, e eu olhei pra ela rindo.

-Você não, a senhorita tem aula.- meu pai cortou minha irmã, que fez bico na hora.

-Eu tô com dor de cabeça, pai - ela disse dengosa, deitando na mesa.

-Não caio mais nisso, Lais. Pode parar de preguiça - Brigou com minha irmã, ela não gostava muito de ir pra escola.

-Ah pai... - disse brava.

-E termina de comer pra não se atrasar, você ainda tem que tomar banho. - disse sério e ela voltou a comer, só que emburrada.

-Mal chegou na parte chata do colégio e já tem preguiça? - perguntei e ela assentiu.

-É que hoje vai ter um filme chato lá... e eu queria ver seu bebê - ela disse me olhando, e eu fiquei com dó.

-Todo mundo vai? - minha madrasta perguntou.

-Vai mãe, mas eu não sou todo mundo - disse séria e nós gargalhamos.. Lais era muito esperta.

Depois do almoço fui me arrumar, até porque a consulta também seria dali um tempo. Tomei um banho no quarto do meu pai e sequei meus cabelos para adiantar. Assim que saí do banheiro, entrei no closet do meu pai, aonde ele tinha colocado a minha mala. Ele sabia que eu amava me arrumar em seu quarto por conta do espelho. Além disso, seu banheiro era o único da casa com banheira.

Encarei minha barriga por um instante e sorri, passando a mão por ela.As coisas iam melhorar, com ou sem Luan, eu tinha fé! Como as fãs já sabiam da minha gravidez, eu decidi postar uma foto da minha barriga. Peguei um biquíni e combinei com um top. Como estava sem maquiagem, coloquei um par de brinco, só para parecer mais arrumada. Me posicionei em frente ao espelho e tirei a foto. Tinha ficado uma gracinha e então eu postei.


    mariandrade


    mariandrade Hoje é dia da mamãe ver o bebê! #3meses

Postei a foto e logo saí, não queria ver a repercussão de toda aquela novidade, mas não duvidava que todos os sites falavam da minha gravidez e separação, e pior, não duvidava que todos colocavam a culpa do fim em mim.

Com preguiça, joguei um vestido por cima do que já tinha vestido e fiz uma maquiagem simples. Quando desci, o escolar já tinha pego minha irmã para levar para escola, e todos já estavam prontos para ir até a clínica do doutor João.

Assim que o portão da casa do meu pai se abriu para sair com o carro, vimos outro carro do lado de fora, e eu logo o reconheci.

-O que você tá fazendo aqui? - perguntei, indo depressa  em direção ao Luan, que tinha descido do carro.

-Como o que estou fazendo? É a ultrassom do nosso filho.

-E desde quando você liga pra isso?

-Para de besteira, é claro que eu ligo.

-Ah... pensei que não viria Luan - meu pai se aproximou e eu tive que engolir minha raiva - Tudo bom?

-Tudo certo. seu Marcelo.

-Vai no carro dele né? - meu pai perguntou para mim e eu até pensei em negar, mas Luan foi mais rápido.

-Vai sim.- sorriu pra mim, e eu nem pude questionar, afinal, meu pai não sabia de nada, e Luan imaginou isso. - Vamos? - perguntou abrindo a porta e eu entrei, cruzando os braços com raiva.

Dentro do carro, tentei o ignorar ao máximo, e fiquei mexendo no celular, enquanto ele seguia o carro do meu pai.. No começo ele até respeitou meu silêncio, mas ficava me olhando de rabo de olho. Fiquei passando as fotos do feed do Instagram e como esperava, várias pessoas estavam falando sobre minha separação e gravidez.

-Você não tem noção do problema que causou - ele falou, após ver o que eu mexia no celular.

-Tô nem aí.

-Se ao menos fosse verdade.. mas não é.. Não tem ninguém se separando aqui..

-A gente ta se separando sim,  e só volta quando eu quiser. - disse revirando os olhos.

-Se vai existir volta, então não é separação.

-É o que eu quiser que seja. - disse emburrada e ele riu. - Tá rindo de quê?

-Você é mimada demais.

-A cala sua boca - disse brava, voltando a olhar para o celular.

- Como vou falar que não estamos separando? - voltou a puxar papo e eu o encarei de novo - Já sei, vou falar que minha esposa é doida e bipolar.

-Vai se foder Luan - disse irritada.

-Vai comigo? - perguntou sorrindo de lado e eu lhe dei um tapa no braço - Ai.. é que com você tem mais graça. Foder sozinho não é bom..

-Se não calar sua boca, eu vou arrancar seu pinto com a mão, e aí nem foder sozinho você vai..

-Tá bom - ele disse, voltando a se concentrar na estrada, mas logo voltou a falar - Estão falando que o filho não é meu.

-Como é que é? - pergunte inconformada. Esperava que todos ficariam contra mim, mas não esperava que fossem pensar isso.


-Pois é.. você anuncia que está grávida e que estamos nos separando, elas pensaram logo nisso.

-Eu devo ter jogado pedra na cruz.. ou melhor.. eu dancei poli dance nela, certeza! - disse brava e ele riu do que eu disse.

Voltei a ficar calada e fui ver os comentários na minha última foto - para saber melhor o que estavam pensando -. Assim que abri a foto, Luan pisou no freio do carro com tudo, tão rápido que eu levei um susto, e cheguei a ir pra frente. Por sorte, estávamos em uma rua sem movimento.

-QUE PORRA É ESSA? - perguntou tomando o celular da minha mão e encarou a foto, que eu tinha postado a minutos atrás.

"O que eu não demonstro, eu sinto em dobro."

Parte 2 - Capítulo 20

Capítulo dedicado à Thays, que está fazendo aniversário hoje. Felicidades linda!

Dias depois...

Minha mãe me acolheu muito bem - e eu nunca pensei o contrário -. Ela fazia todas as minhas vontades e se esforçava ao máximo para me dar atenção e não me deixar pior do que estava, mas mesmo assim eu estava sofrendo de verdade. Luan não tinha mais me procurado e aquilo foi o fim para mim. Esperava que ele fosse me ligar, me implorar para voltar, mas isso não aconteceu. Orgulhosa, eu também não ia atrás, e sempre durante a noite, chorava por seu descaso.

Em uma dessas noites, peguei meu celular e tirei uma foto, pensando que talvez, ao ver meu estado, ele se comovesse e me procurasse.. Não sei se daria certo, mas minha cara, causou certo tumulto no Instagram.

  mariandrade 




mariandrade Noitinha +/ -

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donzelasdoluelvis Que carinha é essa? Tá tudo bem? A gente tá aqui sempre pra te ajudar tá bom?
princesamari Princesa, o que houve? A gente ama você, não se esqueça. Deus tá olhando por você sempre! Vai dar tudo certo.
karollyne_santosls Carinha de triste :/
encantaluanjo Linda tava sumida 😍❤️
glowbruan Mari, você tá sumida. Luan também.. Casamento tá bem né?
luanexplosiva O olhar diz tudo. Tem alguma coisa muito tensa acontecendo

Parei de ler os comentários, pois estava bem sensível e ver todo mundo me desejando força, sem nem saber o que estava acontecendo, me comoveu. Deixei o celular no canto, esperando que a foto preocupasse Luan também, e quem sabe dessa forma, ele pudesse me procurar. Alguns poucos minutos depois o meu celular tocou, e meu coração acelerou. Peguei o celular na certeza de que era ele, mas não era. Na verdade era Bruna, sua irmã.

-Oi cunha, como está ein? - perguntou carinhosa e eu tive que segurar a vontade de chorar.. Sensibilidade estava demais.

-Tô indo - disse baixo.

-Liguei pra te fazer um convite.. Sexta é meu aniversário, vamos fazer um bolinho aqui pros amigos.

-Ah é verdade, eu vou sim - disse ainda cabisbaixa, e confesso que a primeira coisa que veio na minha cabeça, foi que veria Luan.

-Bom que a gente conversa. Quero entender direito o que aconteceu. Luan anda estranho e disse por cima que você saiu de casa..

-Foi a melhor saída que encontrei. Mas seu irmão não parece incomodado, nem me procurou desde então. 

-Ele tá trabalhando demais, deixa a Lu aqui em casa direto para ir pro Dudu.

-Hum - disse pensativa. Menos mal.- Mas enfim, te explico tudo depois.

-Então tá bom. Chega mais cedo sexta, pra gente ficar mais tempo junto. Você anda sumida demais.

-Tá bom, eu vou sim - ri dela e nos despedimos logo depois.

Com o celular novamente na mão, voltei a olhar o Instagram, e fiquei pior quando vi uma foto minha e do Luan que um fã clube nosso havia postado. Era uma foto que tiramos nos Melhores do Ano no programa do Faustão. Aquilo me deixou dez vezes pior.  

   orgulholuriele

orgulholuriele Envelhecer é bonito. Um casal que envelhece junto, então, mais bonito ainda. Acho lindo casais bem velhinhos de mãos dadas. Acho romântico ver o jeito que eles se olham, como se conhecem, quantas marcas trazem no coração, no corpo, na vida. Acho mesmo, de verdade. Quem casa é porque acredita no amor, acredita na união, na ligação. E um casamento pode dar certo ou não. O que não me conformo é ver duas pessoas, que antes se amavam absurdamente, acabarem se tornando estranhas. Como pode um dia você amar e no outro olhar para o lado e não reconhecer mais quem está com você? Eu sei que isso acontece, mas acho que é pura falta de atenção. Todo mundo muda um pouco todo dia. A vida faz com que a gente mude, se modifique, evolua de algum modo. E se você não presta atenção em quem está ao seu lado não percebe isso, nem se percebe. Então, um belo dia, tudo mudou e só você não viu. Daí se pergunta: o que aconteceu? Olha, o que aconteceu é que você não enxergava, não via, não olhava. Tem gente que quando se dá conta disso senta e conversa. Tem outros que ignoram o fato e seguem em frente. Sou a favor da conversa, da aceitação, do entendimento. Ignorar não leva a nada. Seguir em frente sem juntar os pedaços do quebra-cabeças não leva a lugar nenhum. Ou leva. Porque a verdade custa caro. Nem todo mundo está preparado para ver. - Clarissa Corrêa.

Incrível como aquela fã parece que adivinhou toda a situação. Pensando no texto que ela havia postado, refleti sobre as últimas palavras.. Será que eu estava preparada para ver a verdade? De que talvez, o "nosso tempo", pudesse terminar de uma forma doloroso, isto é, que cada um seguiria sua vida e conheceria outra pessoa? Será que aquele era o fim da nossa história? Que a partir de agora, seríamos apenas pais de uma criança, sem relação afetiva entre nós? Sinceramente, eu queria que não. Queria criar nossa filha junto dele. Queria terminar minha vida com ele. Não queria outra pessoa, não achava que seria capaz de ser feliz com outra pessoa. Não demorou para meus olhos serem inundados em lágrimas, e como várias noites seguidas, eu fui dormir chorando.

Na sexta-feira acordei um pouco mais animada, com a certeza de que o veria mais tarde. Queria olhar em seus olhos e ver se ele também sentia minha falta. E no fim, ainda tinha esperança de que ele me pedisse pra voltar.. Do fundo do meu coração, se ele fizesse isso, eu voltaria. Voltaria sem pensar em mais nada. Acho que já tínhamos dado tempo suficiente, e estava muito ruim continuar longe dele.

Com um pouco mais de ânimo, fui cedo para casa da Bruna, um pouco depois da hora de almoço, para ser mais exata - até porque meu sono era tanto que eu sempre acordava tarde -. Assim que cheguei, fui para o salão com ela, e antes mesmo de começarmos a nos arrumar, tiramos uma foto juntas, da qual eu postei, para te desejar minhas felicitações - pela segunda vez, já que a primeira coisa que fiz quando a vi, foi desejar parabéns e todas essas coisas de praxe.

   mariandrade


mariandrade Nesta data mais que especial, te desejo 3 coisas. Tudo... e Nada...Tudo que te faça feliz. Nada que te faça sofrer. E meu terceiro desejo é que você presenteie este dia com sorrisos, a semana com alegrias, os anos com prosperidades e a vida com esperança e FÉ! Amo você Bruneca! @brusantanareal

-Cunha, a sua barriga está uma gracinha - ela disse baixinho e me olhou sorrindo.

-Fiz três meses antes de ontem. - sorri animada.

-Já? Em breve nosso bebê vai está aqui - sorriu com os olhos brilhando.

-Se Deus quiser.

Mudamos de assunto quando o cabeleireiro se aproximou e logo começamos a ser atendidas, com tudo que tínhamos direito. Eu escolhi fazer um negócio chamado "corte bordado" que basicamente tirava as pontas duplas sem mexer no cumprimento do cabelo. Tinha ouvido falar sobre isso a pouco tempo e estava curiosíssima para ver o resultado, só faltava ânimo mesmo. Aproveitei para fazer uma boa hidratação também.

Saímos do salão um pouco antes de anoitecer, e dentro do carro eu postei um vídeo curto falando sobre o que tinha feito no cabelo.

   mariandrade




mariandraade Genteee... Hoje fiz o famoso corte bordado com o @wellyngtomsantos aqui no @nucleok Esse corte elimina todas as pontinhas duplas sem diminuir no comprimento, fiz também uma hidratação com joico que reconstrói por completo os fios. Eu ameeeei e super indico! 



Chegamos na casa de Bruna em pouco tempo - o salão não era muito longe do condomínio- . Assim que passei pela porta, me deparei com Luana, toda arrumadinha, estava a coisa mais linda.

-Tia Mari - ela gritou animada quando me viu, e correu em minha direção. Me abaixei para lhe dar um abraço. 

-Você tá gata ein - disse em seu ouvido e ouvi ela rindo baixinho.

-Minha vó deixou eu escolher minha roupa, você gostou? - perguntou se afastando de mim, fazendo pose.

-Eu amei, tá muito bonita. E adorei a tiara - ri pegando na tiara que estava no cabelo da pequena.

-Uma fã do meu pai que deu - ela me contou, passando a mão na parte de cima da sua tiara de coroa. 

-Então vamos tirar uma foto pra mostrar que você tá usando, o que acha? - perguntei e ela concordou. Luana era amante de fotos (acho que vocês já até sabem).

    mariandrade

mariandrade Pronta pro aniversário da tia. E ela quer deixar registrado que amou o presente que ganhou da fã do pai. Está uma verdadeira princesinha com essa tiara.

Tirei a foto de Luana do lado de fora da casa e logo postei, pensando em uma legenda junto com ela. Depois disso, entramos juntas para que ela me ajudasse a se arrumar. (Até então, sem nenhum sinal de Luan por ali). 

Luana pediu pra que eu me vestisse com a mesma cor do vestido que ela usava, e eu não pude negar. Por sorte havia levado algumas opções, e entre elas, havia um vestido vermelho. Ele era um pouco justo e marcaria minha barriga, teria que tomar cuidado com as fotos. 

Até que fiquei pronta rápido, e Luana quis tirar uma foto minha. Pedi pra que ela não mostrasse minha barriga e ela tirou foto direitinho. Inclusive, escolheu a pose, e disse que eu tinha que tirar mais fotos sorrindo, porque todas as fotos que via, eu estava séria - o que era bem verdade.

-E posso saber onde a senhorita andou vendo minhas fotos?

-No celular do meu pai, ele fica olhando de vez em quando - confessou e eu sorri com a notícia. Aquilo era ótimo.

-E então, gostou dessa foto? - perguntei mostrando para Luana uma das fotos que ela mesma havia tirado.

-Claro, eu que tirei - disse convencida e eu ri, indo editar a foto. - Escreve assim... "Luana é a melhor fotógrafa" - disse sem estar brincando e eu ri, mas postei do jeito que ela sugeriu, colocando um toque meu junto, é claro.

    mariandrade

    mariandrade  Luana é a melhor fotógrafa (e mais convencida)


Encarei a foto por alguns segundos, até parecia que estava feliz.. Na verdade, eu não sorria daquele jeito a alguns dias. Só Luana para conseguir me arrancar um sorriso daquele jeito.

Depois de prontas, eu e Luana descemos. A festa singela já tinha começado e a casa já tinha alguns convidados. Cumprimentei quem conhecia, mas na verdade, queria encontrar com Luan. Será que ele já  havia chegado?

- Buh - alguém me cutucou por trás e levei um susto.

-Ai Tatá, Quer me matar do coração?

-Assustou foi? - ela riu, me abraçando - E aí Luana, tá gatona ein?

-Obrigada - Luana agradeceu sorrindo - Eu vou ver se eu acho meu pai - Ela disse saindo correndo e eu a acompanhei com o olhar, afinal, também queria achar ele.

-E aí, como estão as coisas? - Tanara puxou papo.

-Péssimas amiga, Luan não me procurou desde o dia que saí de casa.- bufei desanimada.

-E você? Procurou?

-Também não. Acha que tinha que fazer isso?

-Não, deixa ele vir atrás..

-Você tem razão - suspirei, voltando a olhar em volta.

Sentei com Tanara em uma mesa um pouco isolada, e ficamos conversando sobre várias coisas, mas minha cabeça continuava longe, perguntando aonde Luan havia se metido. Eu tinha olhado sua agenda. Ele não tinha show naquele dia.

Ironicamente, uma música do Jorge e Mateus começou a tocar - e todo mundo sabe que quando toca Jorge e Mateus, é pra foder de uma vez -. Idiota como sou, prestei atenção na letra, ignorando totalmente o que Tanara me contava.


Eu só queria ter o seu abraço

Pra ver se eu disfarço essa falta de você
Poder tocar, sentir o gosto do teu lábio
Entrar no compasso e o seu coração bater
Olhar nos seus olhos e dizer



Sem você 
Não importa se é doce ou salgado
Se tá quente ou gelado
Se faz sol ou vai chover
Eu achei que tava certo, fui errado
Era leve, tá pesado ficar longe de você
Pro escuro ficar claro
O sozinho acompanhado
É só a gente ficar junto e não separado



Eu só existo se for do seu lado
Se for do seu lado


Um nó se formou em minha garganta, junto a uma vontade imensa de chorar. Tentei disfarçar tomando um gole da minha água, e nessa hora, Bruna se aproximou de mim. Quando eu já estava achando que não veria Luan, ele apareceu. Completamente lindo, bem atrás dela, enquanto aquela música miserável ainda tocava.

-Oi - me cumprimentou sem jeito, e encarou o chão - Eu vim só da oi mesmo - disse encarando mais a irmã do que eu mesma - Vim só te dar um beijo e te desejar parabéns, seu presente tá la em casa, acabei esquecendo - explicou ainda sem jeito.

-Tudo bem, pi.

-Então, eu vou indo - disse enfim me olhando e por instinto, eu o chamei.

-Luan, eu queria conversar contigo - disse constrangida, afinal, não estávamos sozinhos - Para saber quando contar sobre a gravidez.

-Liga pra Ju, vê com ela direitinho.. - disse com desdém e aquilo me chateou. Ele era o pai, não a "Ju".

-Não vai ficar no aniversário da sua irmã? - perguntei.

-Eu tenho que ir pro Dudu. a gente tá compondo umas músicas.. Além disso, dia 18 gravo a campanha da Coca-Cola. Tá corrido, você entende né? - encarou a irmã ,que assentiu positivamente. - Mas faz isso Mari, vê com a Ju quando é o melhor dia para gente contar, se eu fazer pela minha própria cabeça eles me matam - disse me encarando e eu fiquei mais puta ainda. Ninguém tinha nada a ver com isso. Era nosso filho,e  Luan era o patrão daquela porra toda. - Agora preciso ir. Beijo pra todas - disse saindo dali e eu apertei minha mão com força, tamanha raiva que eu fiquei. Sinceramente, não dava pra entender Luan

- Você é trouxa,amiga. Sério - Tanara falou e eu a encarei sem entender o porquê daquilo. - Sofrendo por isso? Ele não tá nem aí pra você.

-Não fala isso, Tanara - Bruna entrou no meio - Luan ama a Mari.

-Ama, estou vendo como ama. Ele tratou ela como se ela fosse um nada, ou sei lá, uma amiga qualquer.. Porra, ela tá esperando um filho dele, tem que decidir com ELE quando é a melhor hora de contar, não com porra de Ju. Luan é um babaca.

-Você está exagerando, Tanara. Juliana sabe a melhor hora de expor algo tão delicado, e Luan tem consciência disso.

-Não tenta defender Bruna.

-Não estou te entendendo - disse com a voz começando a mudar. Droga, ia acabar chorando.. - Você mesma me disse para eu pensar melhor antes de sair de casa, disse que entendia porque Luan falava tanto em Ana e que eu tinha que tentar compreender. O que te deu?

-É que hoje eu vi que na verdade, ele nem liga mais pra você. Se ligasse, ia querer ficar aqui contigo, ia tentar te convencer a voltar para casa de  vocês. Ia mover céus e terras para ter você de volta e o que eu vi, foi um verdadeiro descaso.

-Ele tem compromisso, Tanara. E aqui não é o melhor local para eles tentarem se acertar - Bruna outra vez interferiu.

-Seu irmão ta sendo um babaca, Bruna. E você otária Mariele - se virou pra mim revoltada - Deixa de ser burra e melosa. Tá na cara que ele não quer mais nada. Vai seguir sua vida e vê se ocupa sua cabeça com outra coisa. - Tanara disse nervosa, saindo dali em seguida.

-Não escuta ela, a Tanara as vezes exagera - Bruna sentou-se do meu lado e tentou me acalmar, mas eu já chorava - Luan te ama, acredita em mim. - ela disse passando a mão em meu cabelo. Como eu queria poder acreditar de corpo e alma em suas palavras.

Indiferença: não merecer uma resposta. Desprezo: não merecer nem a pergunta. - Fabrício Carpinejar

Notas da Autora:

Só pra constar.. a partir do próximo capítulo, esse jogo começa a virar. Preparem-se!
PS: Perdoem os erros, não deu tempo de corrigir.
















sábado, 2 de julho de 2016

Parte 2 - Capítulo 19

Mariele Andrade

-Você tá falando com quem? - perguntei depois de voltar do banheiro, minha bexiga parece que vivia cheia, era um saco.

-Eu? - perguntou meio perdida - Com o Rober - ela disse coçando a cabeça, parecia até que estava mentindo, mas eu estava cansada demais para questionar - Então você vai mesmo sair de casa? - ela perguntou depois que me sentei novamente no sofá.

-Vou, pelo menos por um tempo - suspirei encarando o nada - Vai ser melhor.

-Já que nada do que eu disser vai mudar sua cabeça, então eu não vou insistir. Vou preparar uma comidinha pra gente.

-Estou sem fome - reclamei me deitando no seu sofá.

-Ah mais vai comer, nem que seja a força. Tem um bebê aí dentro, lembra? - disse séria e eu bufei. Ela tinha razão, minha filha não tinha culpa de ter um pai babaca.

Tanara foi para cozinha e eu fiquei ali sozinha, deitada no sofá, sofrendo. Não existe nada pior do que amar e não ser amada, ou melhor, é claro que existe, com certeza é bem pior amar e descobrir que a pessoa que você ama, ama outra pessoa, pior ainda, outra que nem é mais viva. Voltei a chorar quando pensei isso, cair na real é cruelmente doloroso.

A comida não demorou a ficar pronta, ou talvez o fato de eu ter dormido no sofá fez eu acreditar nisso. Fui acordada por Tatá, junto ao cheiro da comida, que abriu meu apetite. Sentei no sofá,  meio perdida de sono, e peguei meu celular. Não havia nenhuma ligação ou mensagem do Luan, o que me deixou mais frustrada. Aquela hora ele já devia ter se tocado que eu havia saído. Se não me ligou, é porque não estava preocupado. E eu nem sei porque pensei que isso fosse acontecer.

-Vem amiga, vamos comer - Tatá me chamou e eu larguei o celular ali, indo até a cozinha - Fiz aquele macarrão que você adora - disse abrindo a panela que estava em cima da mesa e eu sorri de lado.

-Obrigada, até que agora deu fome.

-Então come, e tenta mudar de ideia.

-Não vou mudar de ideia, está resolvido - disse convicta, ainda mais agora, que ele sequer tinha se dado ao trabalho de me procurar.

Horas mais tarde, me despedi da minha amiga e fui em direção a minha casa. Ainda não sabia bem para onde iria, mas estava decidida a sair de casa naquele mesmo dia. Para o Luan não faria diferença nenhuma, ele nem parecia preocupado comigo, tampouco com a própria filha. Chorei durante todo o caminho de volta para casa. Era ainda mais doloroso saber que além de não ser amada, não ter nem sequer sua preocupação.

Estacionei o carro na garagem, e Luan logo apareceu na porta. Limpei as lágrimas antes de descer do carro, e mesmo estando anoitecendo, coloquei os óculos em meu rosto. Não ia dar o gostinho para ele de me ver naquele estado. Travei o carro e passei por ele, como se ele nem estivesse ali. Diferente do que eu pensava, ele não disse nada, nem me perguntou onde eu estava. Realmente, mostrava que não estava se importando com aquilo.

Subi direto para o meu quarto e ele veio me seguindo. Sem pensar duas vezes, e sem ligar para o que ele fosse falar, peguei uma mala no closet - a maior, para colocar uma grande quantidade de roupas.

-O que você está fazendo, Mariele? - ele perguntou se aproximando de mim.

-Arrumando minha mala.

-Por que estava fazendo isso? - perguntou me encarando - Vamos conversar - insistiu, mas eu ignorei, pegando algumas peças e jogando de qualquer jeito na mala - Para, não faz isso, por favor - disse me segurando pelos braços, me fazendo o encarar.

-Não precisa fingir que se importa Luan, você não tá nem aí pra mim.

-É claro que eu me importa, não fala isso.

-Você não se importa coisa nenhuma. Nem comigo, nem com o filho que estou esperando...

-Não fala besteira.. Eu errei sim, mas isso não significa que eu não me importe.

-E significa o que? - puxei meus braços de suas mãos - Que você me ama? Que você tá feliz comigo? Por que se fosse isso, com certeza não teria motivos para só pensar em Ana.

-Não seja injusta, Mariele. Você era mais compreensível.

-Não tem o que compreender, Luan. Eu não aguento mais essa situação. Eu respeitava seu luto, quando ele não interferia na nossa vida.E... você também não era assim. Nem sei o que te deu, você só pensa em Ana, só fala de Ana, só respira Ana...

-Eu não tenho culpa, poxa.

-E eu tenho?

-Não - suspirou - Ninguém tem culpa! Eu só preciso de ajuda, e já providenciei - me encarou - Estou me consultando com um psicólogo a pouco tempo. - confessou e me pegou de surpresa - Eu só preciso de paciência.. Isso vai mudar.

-É bom que mude mesmo, ou então, nosso casamento vai por água abaixo.. - disse triste e ele assentiu.

Ficamos calados por alguns segundos, e depois voltei a fazer minha mala.

- Por que ainda está fazendo a mala? - perguntou.

-A gente precisa de um tempo...

-Não Mari, não faz assim - disse outra vez tentando me puxar, mas eu me afastei.

-É melhor Luan..Vai ser bom pra nós dois. - disse segurando o choro, voltando a olhar para ele - Eu preciso de um amor inteiro, não pela metade. - disse tirando meus óculos, para o encarar olho no olho - Fico mais aliviada em saber que procurou ajuda, era realmente isso que você precisava.

-Ele está me ajudando a tirar Ana da realidade, mas isso tudo foi culpa do trauma, sua gravidez trouxe tudo a tona, inclusive meu medo. - disse com sinceridade e se aproximou de mim - Me escuta, Mari - disse com cautela, colocando meu cabelo atrás da orelha - Eu sei que te magoei falando muito da Ana, eu vou me esforçar para não fazer mais. Se tudo isso começou, é porque fiquei com medo de te perder também, eu não iria suportar outra perda. - disse com os olhos cheios de lágrimas e eu deixei as minhas voltarem a escorrer pelo rosto - Não sai de casa, a gente consegue superar isso junto..

-Eu que preciso de um tempo agora Luan. Apesar de acreditar no que me disse, não sinto que me ame de verdade.- confessei triste.

-Eu amo - encostou sua testa na minha e segurou meu rosto com as duas mãos. Eu fechei meus olhos instintivamente... - São amores diferentes, Mari.. Ela nem está mais aqui..

-Eu sei disso, mas você parece que ainda tá descobrindo..- abri meus olhos e segurei suas mãos, as tirando do meu rosto.

Luan não disse mais nada, e nem voltou a tentar me impedir de fazer minhas malas., apenas ficou ali me encarando o tempo todo, e quase.. quase que eu mudei de ideia, ao vê-lo me olhando daquele jeito.

Assim, que fechei a mala, o encarei, e seus olhos continuavam vermelhos.

-Olha.. você pode guardar a Ana no coração pra sempre, mas tem que ter respeito por mim, que sou sua esposa agora. - disse com calma - Você precisa viver a sua realidade, o seu presente, e quando conseguir isso, eu volto - respirei fundo - Espero que não demore - me aproximei, passando a mão em seu rosto. Ele colocou a sua em cima e fez carinho.

-Por favor, não me deixa aqui sozinho. Eu quero ser feliz de novo, e só você pode me ajudar.

-Primeiro você precisa se ajudar, Luan.. - disse olhando dentro dos seus olhos. - Eu vou indo..

-Para onde você vai?

-Acho que para casa da minha mãe, vou em um dos carros, depois você pega lá se quiser - disse indo pegar a mala.

-Deixa eu pelo menos te ajudar - disse pegando a mala antes de mim, saindo na frente.

Respirei fundo, limpei meu rosto e fui atrás, com um casaco na mão, e minha bolsa pequena na outra, aonde estavam meus documentos e também o carregador do meu celular.

-Você vai viajar, papai? - Luana perguntou, ao ver o pai carregando aquela mala enorme. Ele me olhou perdido, provavelmente sem saber o que falar para filha.

-Na verdade eu que vou - disse para a pequena, que me encarou.

-Você? Sem meu pai? - perguntou desconfiada e eu assenti - Você nunca viajou sem ele.- disse me encarando, como quem tentasse me decifrar. - Olha, eu não sou mais um bebê, não mintam pra mim, vocês acham que eu não percebo as coisas? Sei que tá acontecendo alguma coisa. Vocês vão se separar, é isso? - perguntou com os olhos cheios de lágrimas e aí sim, meu coração se partiu ao meio.

-Não Luana, não é isso. - disse me aproximando dela, e agachei para ficar mais da sua altura - Eu só vou passar um tempinho com minha mãe.

-Mas por quê?

-Porque eu estou com saudade dela.

-É só chamar ela para cá. A casa é grande, cabe ela também..- disse séria e eu encarei Luan, que também tinha os olhos carregados de lágrimas.

-É que ela gosta muito da casa dela..- tentei continuar com aquela história, mas Luana era muito esperta.

-Você não precisa levar uma mala desse tamanho para matar a saudade da sua mãe.. - disse me encarando, já com a voz embargada - Você brigou com ela né pai? Por que você brigou com ela? - disse encarando Luan, derramando algumas lágrimas, e imediatamente as limpou - Você é minha única companhia quando meu pai viaja - confessou baixinho, voltando a olhar pra mim - Você deixa eu comer besteira e tem paciência para me ensinar a lição de casa - disse triste e eu comecei a chorar outra vez.

-Isso não vai mudar, meu anjo. Eu posso vim te ajudar e você pode ir pra lá quando quiser. Além disso.. tem a Grazi.

-Não vai ser a mesma coisa - ela disse soluçando - Você não vai ficar só um tempinho né? Você vai mudar pra lá? Pode me falar a verdade - disse chorando mais, e eu chorava junto.

-Não chora, Lu. - abracei ela, tentando a acalmar.

-É por minha causa também? - me perguntou saindo dos meus braços - Eu juro que nunca mais brigo com a senhora tia, Mari. Por favor, não vai embora - disse chorando mais sentida e eu tornei a abraçá-la.

-Não é por causa de ninguém, e mesmo eu ficando um tempo em outra casa eu vou continuar cuidando de você, sabe por quê? Porque eu amo você. - disse chorando mais ainda, ainda com ela em meus braços.

Foi difícil acalmar Luana, mas eu fiz algumas promessas para ela, e então ela parou de chorar, e se despediu de mim, me deixando sair. Foi a coisa mais difícil que eu tive que fazer. Luan foi comigo até o carro, ele também tinha chorado com a cena que tinha visto na sala. Todos fomos pegos de surpresa, e esquecemos que aquilo poderia afetar Luana também.

-Tem certeza que quer fazer isso? - ele perguntou, quando eu entrei no carro.

-Tenho.

-Não precisa de tanto, Mari - disse com olhar triste.

-Não é um divórcio, é um tempo..

-Eu vou respeitar sua decisão, e eu juro pra você, que vou mudar, e vou ser o cara que você merece. Tanto para você.. como para esse bebê - disse derramando algumas lágrimas. Sem esperar, vi ele se ajoelhar no chão, levantar minha camisa e começar a conversar com minha barriga - Desculpa filho.. ou filha... Eu não queria ter causado toda essa situação. Mas quero que saiba que eu te amo muito, pode acreditar - disso e por fim depositou um beijo em minha barriga. Foi inevitável não começar a chorar novo. - Bom - ele falou se levantando, limpando as lágrimas insistentes que desciam - Me avisa quando chegar tudo bem? - pediu e eu assenti - Espero te ter aqui de novo em breve..

-Eu também - disse sorrindo de lado e fechei a porta do carro, para sair dali logo, antes que mudasse de ideia.



Notas da Autora:

Primeiro só quero esclarecer que por erros meus para organizar a fanfic, acabei trocando o link e preciso da ajuda de vocês para avisar as amigas sobre a mudança.. Mas me digam, o que estão achando? Esse foi triste né? ( só por favor, não me matem).. Existem situações que precisam acontecer para sabermos como a pessoa é especial.. quem sabia por exemplo que Luana já tinha se apegado a Mari? Enfim.. não sei se vou conseguir postar final de semana, mas se não, segunda estou aqui, com capítulo novo. Beijo grande!