Minha casa continuava com cheiro da Dama Da Noite que ela plantou no jardim, embora ele só aparecesse de noite. Mesmo depois de 1 ano, o cheiro doce e ao mesmo tempo amargo ainda impregnava o ar. As coisas continuavam iguais, da mesma maneira que ela tinha deixado. Sorri me encarando no espelho,ainda com o coração ferido. Depois de um tempo eu voltaria a cantar, e a notícia me alegrou, os ingressos tinham esgotado no mês seguinte a divulgação, o que significava que fãs viajariam do Brasil inteiro pra me ver voltar.
Ajeitei meu cabelo e aparei um pouco a barba, olhando pela última vez no espelho um homem que mal dormiu nesses últimos 365 dias, porque sentia falta da amada ao lado na cama, mas apesar de tudo pronto pra fazer aquilo que sempre amou fazer com um pouco de ansiedade e angústia misturado igualmente.
Saí dali e entrei na van calado, todos sorriam pra mim, mas não ousavam falar nada. Como o local do show era perto da minha casa, eu decidi que me arrumaria ali pra evitar que me fizessem muitas perguntas, sabendo que uma hora ou outra teria que respondê-las.
-E a Luana? - Roberval perguntou quebrando o silêncio.
-Está linda, viu as fotos que mandei?
-Vi, ela cresceu muito. - falou rindo e eu assenti - Já está andando?
-Ela mais cai do que anda, mas é persistente, levanta e começa de novo.
-Igual você - ele sorriu e eu fiz a mesma coisa, encarando a janela em seguida.
Estava na hora, eu tinha que entrar no palco. Ah, aquele
velho frio na barriga... Respirei fundo e fiquei fazendo o aquecimento até o
momento certo. E chegou, era agora! Pisei no palco com o pé direito e a
gritaria eufórica da galera fez meu coração palpitar cada vez mais forte.
-É pra ela, esse show é pra ela – falei antes de começar
Sogrão Caprichou.
A medida que eu cantava, um filme vinha se passando em minha
cabeça, e eu me controlava para não chorar. Pular, dançar, brincar era algo que
eu não conseguia mais fazer, não naquele dia. Eu só cantava, encarando minhas
fãs, e algumas vezes, deixando que elas cantassem por mim.
No meio do show, sentei numa cadeira e encarei a plateia que
gritava muito o meu nome. Queria fazer uma declaração de amor, queria falar mil
e umas coisas, mas não consegui, tinha um nó formado na garganta. Ao invés
disso, toquei a sua música...
É impressão minha ou o sol brilhou mais forte quando olhou
pra mim?
O brilho desceu das estelas e no meu olhar ficou até o fim
É impressão minha ou metade do meu peito mora em você?
Se o mal chegar entro na frente pra te proteger
Eu te amarei por mil e um motivos
Vou perguntar baixinho ao pé do ouvido.
Promete que vai ser só minha
Que vai me entender num olhar
Promete que vai visitar os meus sonhos de noite
A luz do luar
Promete ler meus pensamentos
Decifrar o meu coração
Porque só assim vai saber que minha vida inteira está em
suas mãos.
Terminei de cantar e abaixei minha cabeça chorando, deixando
a banda tocando a melodia. Limpei as lágrimas e encarei a plateia. Foi quando
meus olhos focaram em um cartaz que dizia:
Sorri
instantaneamente e deixei outra lágrima escorrer. A melodia parou, a plateia aplaudiu
e em segundos um novo coro começou
“Ela prometeu te visitar nos seus
sonhos a luz do luar. Você sabe. Ela continua sendo sua”.
Oh Ana Juliaaa aaa aaah
Oh Ana Juliaaa aaa aaaah
Se eu tentava me fazer de forte, ali foi o momento em que eu
desabei. Chorei como uma criança enquanto eles continuavam cantando a música
dela, que tinha marcado nosso começo de namoro. Quando consegui me acalmar de
novo, bebi um gole d’água e levantei, falando no microfone:
-Eu te amo, minha Ana Julia.
Terminei o show e agradeci muito ao público e as minhas fãs por apesar de tudo, não terem desistido de mim e também, não terem me esquecido.
O atendimento a imprensa foi depois do show e as perguntas eram basicamente sobre como eu estava, não dava pra eu falar a real vontade que eu tinha, então eu apenas sorria e falava que tudo ia melhorar.
Cheguei em casa e fui direto a procura de uma garrafa de uísque, precisava beber, tentar tirar aquela dor do peito, mesmo sendo inútil, tendo em vista que sinto isso desde que ela se foi e me deixou. Meu estômago embrulhava, sabia que não podia beber com o estômago vazio, mas não tinha a menor vontade de comer, a minha única vontade era chorar.
Eu sinto falta da minha Ana todos os dias. Ao acordar, a primeira coisa que penso, é em como seria minha vida se ela estivesse ficado comigo. Passei um ano revoltado, pensando por que Deus tinha sido tão injusto. Ela sonhou tanto... queria tanto ser mãe, e não provou nem um pouquinho disso aqui. Por que logo ela? Por que não podia ter sido eu? Desde que ela se foi, eu nunca mais me senti completo, não me sentia feliz. A única pessoa que me animava era minha filha, mas até ver seus primeiros passos e primeiros dentes nascendo foi difícil pra mim, porque eu pensava em como a Ana ficaria feliz em ver nossa filha crescendo. Mas eu a via em todos os cantos, por mais louco que isso seja. As vezes, até conversava com ela, mesmo sem obter respostas:
-Viu lá, princesa? Tava muito cheio né? Eu senti falta de cantar nossas músicas. Assim como sinto falta de você dançando animada ao lado do palco - falei respirando fundo, sentindo minha garganta fechar. Novamente aquela vontade descomunal de chorar - Eu ainda não entendo o porquê disso,meu Deus - falei virando o copo de uísque.
Foi difícil aceitar a vontade de Deus. Ele me tirou a minha pequena, meu refúgio, meu amor e me deixou só com as lembranças. Lembranças dos nossos momentos juntos, das nossas risadas, nossas tristezas, nossos momentos de excitação. É muito duro perder quem a gente pensou que morreria com a gente, dali alguns muitos anos.
Apesar de amar cantar, eu já achava que isso não era mais pra mim, que já não me pertencia. Sabia que minhas fãs precisavam de mim, mas eu precisava da Ana, e bem.. não a tinha mais.
Ouvi Luana chorando. Me assustei. Ela não era de acordar de madrugada. Vi a sua babá passar pela sala assustada arrumando o cabelo enquanto subia as escadas.
-Pode deixar que eu pego ela, vai descansar - falei para Grasiele que me olhou meio perdida.
-Tem certeza ? - perguntou.
-Tenho sim, pode voltar a dormir - falei me levantando e passando por ela, subindo as escadas em direção ao quarto da minha filha.
Peguei ela e me sentei na cadeira de balanço que tinha ali. O tempo fez ela ficar ainda mais parecida com a mãe. Fiz um barulho com a boca e ela gargalhou, a risada dela era como música aos meus ouvidos.
-Que foi princesinha? Teve pesadelo? - perguntei passando a mão em seu rosto enquanto ela balbuciava palavras que eu não entendia - Quer falar? Fala pa -pai - falei olhando pra ela que riu de mim. - Vamos Lu, não ria do papai. Repete.. pa -pai.
Ela ria, de certo pensando que eu era doido. Ri de mim mesmo e comecei a balançar a cadeira tentando fazer ela dormir de novo. Quando a coloquei no berço, ela voltou a chorar. Resolvi trocar sua fralda e só assim ela dormiu novamente. Acho que estou aprendendo direitinho, apesar de a babá fazer praticamente tudo.
Olhei Luana dormindo no berço e suspirei.
-Sabe filha, é uma grande injustiça você não ter conhecido a mãe maravilhosa que tem...
Voltei pra sala e continuei bebendo, quieto, encarando o porta retrato que tinha nossa foto. Ele nunca sairia dali.
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No dia seguinte fui visitar seu túmulo e me via pensando em tudo de novo. Eu sinceramente não me sentia pronto pra continuar sem ela. A minha vontade era de enfiar uma faca em mim mesmo, ou pagar alguém para me dar um tiro na cabeça ou talvez me jogar de algum lugar, quem sabe tomar milhões de remédios ... mas eu tinha Luana, e ela já não tinha mãe.
A questão é que a minha vida tinha ido embora junto com Ana e eu já não queria ficar ali, sozinho...
Abri os olhos e reli sua lápide: "Nosso amor é como o vento, eu não posso ver, mas posso sentir..". Sorri em meio a lágrimas, aquela era a frase do seu filme preferido, e eu odiava ter que concordar com ela. Voltei a chorar e chorei sem medo ou vergonha, estava sozinho e não precisava me fazer de forte.
-Eu prometo não te esquecer nunca, aconteça o que acontecer. Eu te amo mais do que tudo e eu queria muito te ver de novo, mas não vou fazer nenhuma loucura, pela nossa filha. Eu vou ser o pai que você espera que eu seja. Pode confiar em mim.
"Eu confio!" Foi o que eu senti, ou ouvi, não sei ao certo.
Notas da Autora:
Finalmente nosso primeiro capítulo, e eu espero que gostem. Ele não podia ser alegre né? Acho que vocês entendem. No próximo capítulo conheceremos a nova protagonista, vocês vão gostar dela e se identificar muito, tenho certeza. Essa fanfic não vai ser como a outra em que um capítulo a Ana narrava e no seguinte era o Luan... vamos variar e as vezes teremos as duas narrações em um só. No mais é isso. Comentem muito pra eu saber a opinião de vocês. Mas tarde teremos outro. Beijoocas!
Caraca Gi chorei no primeiro capítulo mais já comecei a amar essa fic
ResponderExcluir"Eu confio!" Foi o que eu senti, ou ouvi, não sei ao certo. .... Ai cara que emoção esse capítulo , sem palavras pra descrever o quanto estou feliz em você fazer a segunda temporada . Luana já está grandinha , esta andando e Luan será um pai que a Ana desejava que ele fosse . *Laís
ResponderExcluirMe passa o link da primeira temporada? Ainda não li :3
ResponderExcluirgih do céu que cap meu Deus to em lagrimas parabens essa segunda temporada tenho certeza que vai ser linda ta linda n sei o que falar so sei que ta maravilhosa cont
ResponderExcluircátia
Cara chorei :,( quero mais!
ResponderExcluirCara chorei :,( quero mais!
ResponderExcluirVc ñ tem direito de me fazer chora Giih serio
ResponderExcluirCara q cap...ansiosa por outro logooo..bjoos
Linda posta mais
ResponderExcluirLinda posta mais
ResponderExcluirComeçou arrasando meeu deus ta perfeiiito dmss
ResponderExcluirCaraca que capitulo perfeito...não consigo ler uma linha sem chorar.
ResponderExcluirLacrou linda! Continua #Amando
Isso não se faz eu Chorei muito aí que Saudades da Ana Júlia
ResponderExcluirMeu Deus essa fic é maravilhosa eu amo
ResponderExcluirRelendo pela 3vz