E os meses foram passando devagar. A rotina de shows fez eu ficar mais animado do que no último ano, era bom manter a cabeça ocupada, mas é claro que eu não tirava Ana da minha cabeça e sempre que podia visitava seu túmulo, com um novo buquê. Voltei a conversar com Dudu Borges e ele me falou que aquele era o momento pra lançar o DVD Acústico que eu tanto quis, mais intimista, do jeito que eu precisava no momento. A primeira música que eu quis colocar foi Café com Leite, feita a muito tempo atrás...
Flash Back.
Estava no meu quarto, incomodado. Ana estava dormindo no quarto ao lado e eu me controlava pra não ir lá, ficar coladinho com ela. Ouvi ela tossindo, e quando vi que a tosse era persistente não pensei duas vezes em ir ajudá-la.
-Luan?
-Ta sentindo alguma coisa? - perguntei preocupado.
-Acho que peguei um resfriado - falou tossindo de novo.
-Eu já volto - sai e fui até minha mãe pedir ajuda com remédios pra Ana. Ela me olhou toda carinhosa.
-Você gosta muito dela né, filho?
-Mais do que possa imaginar - falei vendo ela colocando tudo em cima da bandeja.
Ela me explicou o que fazer e eu logo voltei pro quarto que Ana estava- Minha mãe disse que esse comprimido é pra resfriado - entreguei em sua mão junto com um copo com água. Ela tomou encarando os outros remédios - O mel com limão vai aliviar sua tosse - expliquei colocando um pouco de mel na colher e pingando algumas gotas de limão em cima.
-Não acredito que acordou sua mãe. - disse depois de tomar e se sentou mais pro lado. Me sentei de frente pra ela
-Lógico que acordei, não ia te deixar ruim aqui.- falei e ela sorriu sem graça Coloquei a bandeja na escrivaninha e continuei ali. Me deitei na cama e estiquei o braço a chamando pra deitar comigo.- Posso fazer mais alguma coisa por você?- perguntei alisando seu braço. Sentindo meu coração bater forte por tê-la tão perto, por sentir seu cheiro gostoso.
-Você fez demais - se aconchegou em meu peito - Mas adoraria que cantasse pra mim...
-Que tal uma música novinha, saída do forno?
-Seria uma honra...
Tem pele que cola na nossa e não desgruda mais, perfume que não passa.
Tem música boa que só é boa em uma voz, nas outras não tem graça.
É nesse hora que a falta bate e a gente senta e chora.
E o choro que sobrar a gente guarda pra outra história.
É que ninguém nunca morreu de amor, e o primeiro eu sei que não vou ser iê iê,
Admite que ainda lembra.
Das noites frias, café com leite, um beijo quente ao som de Djavan,- an an an-
Ou de Luan, sou seu fã...
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Na época ela não quis que eu gravasse, alegou que se ouvisse a música na rádio e soubesse que era pra ela, faria - a se sentir um monstro. Mas ela era o contrário disso, era um anjinho, que aceitou sofrer pra agradar o pai. Hoje eu sentia que devia gravar, a música contava uma história nossa, de um dia que foi especial, onde ela cantou Djavan pra mim... eu amava quando ela cantava.
Dudu gostou da música e disse que ia se encaixar bem no Acústico. Ficamos conversando por mais um tempo e depois fui pra outra reunião na Central. Bebi um gole de água e me sentei na mesa, onde todos já estavam sentados.
-A questão é a seguinte, queremos colocar seu show mais pra cima - falou a Juliana e eu continuei só ouvindo. -Sabe do que eu tô falando? Voltar as brincadeiras igual garota sutiã, a garota juntada...
-Mas já tem a donzela..
-Sim, como tinha a Nega.
-O que querem?
-Queremos incluir Lepo Lepo no repertório - falou e eu fiz careta, não me imaginava cantando Lepo Lepo, acho que não combinava comigo - É pra animar, Luan. Lepo lepo tá na boca da galera.
-Tudo bem, a gente inclui.
-Mas tem mais, você vai passar a escolher uma fã do palco pra dançar contigo.
-Sério isso?
-Sério - ela riu - Para vai.. vai ser legal.
-Tudo bem - dei de ombros.
Mariele Andrade
Saí da faculdade mais cedo e fui almoçar com alguns alunos. Ficamos conversando até a hora de eu ir pro meu trabalho. Me despedi de todos e fui ao escritório devagar, sem me importar com o engarrafamento, por estar adiantada. Assim que cheguei fui avisada que o meu chefe queria conversar comigo, passei na minha sala pra deixar minha bolsa e logo fui ao seu encontro.
-Boa tarde - falei ainda na porta.
-Oi Mari, entra.
-Com licença - entrei e fechei a porta - Queria falar comigo?
-Sim, senta - falou mexendo em alguns papéis - Estamos precisando de alguém pra trabalhar como preposta de algumas empresas, aí pensei em você. Pode servir como horas extras na sua faculdade.
( Preposto: É o indivíduo nomeado pelo sócio, administrador ou gerente de uma sociedade comercial ou empresa industrial para representá-la. É também a pessoa colocada diante de uma atribuição para conduzi-la ou dirigi-la.)
-Ah legal, obrigada.
-Não por isso.. Sabe como funciona?
-Sei - sorri, não era difícil ser preposta.
-Então, em algumas vezes vai um advogado junto e outras, só você.
-Tudo bem.
-Minha indicação é que você sempre leia os processos pra saber do que se trata ok?
-Ok. Começo quando?
-Bom, a nossa próxima audiência é semana que vem. Estamos para... deixa eu ver - disse examinando os papéis - LS Music - na hora que ele falou eu engasguei.
-LS Music?
-Sim, conhece?
-Co..conheço - disse um pouco nervosa.
-É a empresa do Luan Santana. Vou te mandar tudo por email pra você já ir dando uma olhadinha ok? - assenti ainda sem acreditar que iria numa audiência defender a LS Music.
.........
Saí da faculdade e fui direto ao forúm em que seria a audiência de conciliação. Tratava-se de uma quebra de contrato, onde a LS Music estava processando um contratante que não cumpriu com os termos acordados. Pra mim, mesmo ainda não sendo uma advogada de fato, aquela causa estava ganha.
Entrei no fórum atraindo olhares, o que me deixava muito sem graça. Subi as escadas e vi o advogado da empresa que eu trabalhava, o cumprimentei sentando ao seu lado. Ainda faltava 10 minutos para sermos chamados.
-Leu tudo? - ele me perguntou.
-Sim.
-Ótimo, agora vamos ver se o seu Amarildo chega - ele falou calmo e outra vez eu engasguei. Respira Mari, respira...
-Mas se o Amarildo vem, porque eu estou aqui? - perguntei sem entender.
-Ele decidiu vir de última hora, então você não vai mais precisar assinar como preposta, só se ele não chegar a tempo - me explicou e eu assenti.
O conciliador nos chamou e até então, seu Amarildo não tinha chegado. Logo eu levantei para entrar na sala. O advogado contou o ocorrido e o contratante lançou sua proposta de acordo, a princípio não aceitamos e ele propôs outra. O advogado pensou bem e resolveu aceitar antes da decisão judicial. Esperamos o conciliador fazer a ata e assinamos sendo dispensados em seguida.
Assim que saí da porta dei de cara com seu Amarildo. Outra vez quase morri. Respira Mari...
-Não cheguei a tempo não é? - ele perguntou.
-Não, mas não tem problema, nossa preposta entrou no seu lugar.
-Ah que bom - ele falou me encarando e eu tremi inteira.
-Eu tenho outra audiência daqui a pouco, a Mari te explica como ficou, tudo bem?
-Tudo sim, obrigado doutor - ele pegou na mão do advogado e depois me encarou sorrindo.
-Vamos lá na lanchonete? - falei e ele assentiu me seguindo.
Sentamos um de frente pro outro e eu lhe expliquei tudo que tinha acontecido na audiência mostrando a ata recém impressa. Ele pareceu satisfeito com o acordo.
-Sabe como é, se não processamos esses contratantes eles continuam errando.
-Eu concordo - falei sem graça.
-Me desculpa a indelicadeza, mas quantos anos você tem?
-Tenho 19.
-Nossa, novinha.
-Sim - sorri sem graça.
-A idade da minha filha.
-Verdade, sou da idade da Bruna.- falei sem pensar.
-Conhece minha filha? - perguntou me olhando intrigado e eu ri.
-Me desculpa, sou fã do seu filho - sorri completamente envergonhada.
-A tá explicado - ele riu - Então estou conversando com uma Luanete? - falou sorrindo e eu assenti.
-O senhor merece muitos parabéns por ter criado o Luan como criou.
-Nossa, muito obrigado. - sorriu ficando em silêncio por um tempo. - Sabe... você me lembra um pouco a esposa do Luan - ele falou e eu me surpreendi - É que a Ana era tão simpática, encantadora... Igual a você.
-Nossa muito obrigada, eu tive o prazer de vê-la algumas vezes e bom, imagino que ela seja mesmo essa pessoa encantadora que disse.
-É uma pena tudo que aconteceu - falou encarando o chão - Luan ainda não superou bem - desabafou.
-E nem vai, ele a amava muito, todo mundo percebia isso.
-É verdade - sorriu. - Bom, eu preciso ir.
-Eu também - levantei.
-Foi um prazer... como é mesmo seu nome?
-É Mariele - sorri segurando sua mão - E o prazer é todo meu.
Tudo aquilo era muito surreal. Saber que a empresa que eu trabalhava havia sido contratada pela LS Music, e que eu tinha acabado de conversar com o pai do Luan era algo que eu nunca imaginei que fosse acontecer. Foi engraçado e muito inesperado.
Peguei meu carro e fui para o escritório ainda sem saber aonde minha vida tinha mudado tanto. De uma hora pra outra, é como se tudo me aproximasse do Luan, por mais louco que isso pareça.
Cheguei na minha sala e fiz todos os relatórias que ainda faltava, o que me cansou um pouco e fez eu passar um pouco do horário. Mas assim que bati o ponto, recebi um envelope. Abri ali mesmo, curiosa com o que seria, me deparando com 2 ingressos pro show do Luan em Indaiatuba junto a um bilhete do seu Amarildo.
"Para Mariele. Para o show desse final de semana. Você é nossa convidada de honra."
Primeira coisa... que delícia relembrar momentos do Luan com a Ana, de um lado que não sabíamos, pois se forem ler na primeira temporada, essa parte quem narrou foi ela.. #choremos.
Segunda, Mari tá dando bastante sorte ein, trabalhando pra LS Music, encontrando com seu Amarildo, e ainda ganhando ingresso dele. Aiai, #TambémQuero
Comentem o que acham que pode acontecer nesse show, em que ela é convidada de honra rs
PS: Me falem gente, tá chato? Por que vocês não comentam? Chega bate um desânimo. Fico pensando.. o que será que eu tô errando que elas não estão gostando? Aí já bate até a insegurança de soltar o próximo capítulo.. Enfim, me avisem o que está faltando...